No último domingo, Meghan Markle voltou a dar que falar, mas desta vez por motivos que lhe foram alheios. O sobretudo usado no Remembrance Day, no último domingo, esteve no centro de mais uma polémica. Stella McCartney, a autora da peça, partilhou uma fotografia de Meghan na conta de Instagram da marca, dizendo-se orgulhosa por ver a duquesa de Sussex a usar o casaco naquela data especial.

A publicação gerou uma torrente de comentários indignados, entre eles acusações de que a designer estaria a usar o dia em que o Reino Unido e toda a Commonwealth recordam os que morreram em combate para fazer publicidade à marca. McCartney acabou por ceder à pressão pública e eliminou a publicação.

O casaco usado por Meghan Markle no passado domingo © Getty Images

Esta sexta-feira, a polémica em torno do malfadado casaco ganhou novos desenvolvimentos. Numa reportagem do Daily Mail, foi revelada a origem da peça, uma pequena fábrica, numa zona rural da Hungria, perto da fronteira com a Roménia, onde os trabalhadores parecem não trabalhar nas condições mais satisfatórias. Stella McCartney, a designer que nos últimos anos fez da moda ética e sustentável uma bandeira, é a principal cliente da fábrica Beriv.

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O sobretudo em questão foi feito ali. Com um preço que ronda os 1.800 euros marcado na etiqueta, estima-se que o custo de produção esteja entre os 20 e os 25% desse valor. No total, o edifício de três andares emprega 160 pessoas, 90% são mulheres. Os dias de trabalho começam às seis da manhã e vão até às 14h20, com uma pausa de 20 minutos para o pequeno-almoço. Segundo o Daily Mail, o que os trabalhadores levam para casa está acima do salário mínimo nacional húngaro — cerca de 446 euros –, embora os depoimentos recolhidos pelo tabloide britânico deem conta de uma realidade precária.

“Podemos ser pagos acima do mínimo legal, mas continuamos a ter dificuldades. Nenhum de nós consegue sobreviver, não temos dinheiro suficiente para comida e aquecimento, então temos de contar com a ajuda dos nossos amigos e familiares para chegar ao fim do mês”, declarou uma das funcionárias entrevistadas. Segundo o seu salário de vencimento, feitas as contas, ganha cerca de 4,20 euros por hora e trabalha, em média, 44 horas por semana.

Stella McCartney no final do último desfile, em setembro © Getty Images

A mesma fonte afirma que os trabalhadores são pagos em função da produtividade e que os objetivos diários são muitas vezes irreais. Recordou o caso particular do casaco usado pela duquesa de Sussex. Foi-lhe pedido que cosesse 50 forros por dia. “É impossível coser tantos forros em oito horas. No máximo, consigo 23 ou 24. É um trabalho complicado, torna-se doloroso para as mãos e para os olhos. Somos constantemente pressionados a trabalhar mais para as encomendas serem finalizadas rapidamente”, acrescentou a mesma fonte. Atualmente, segundo os proprietários da fábrica Beriv, Stella McCartney produz ali as suas roupas há mais de uma década e é hoje o principal cliente.

As criações da designer britânica, filha do músico Paul McCartney, são uma escolha recorrente no guarda-roupa de Meghan Markle. Foi ela a autora do segundo vestido usado pela duquesa no dia do casamento com o príncipe Harry e do vestido usado na festa de 92 anos da rainha. No site da marca pode ler-se a frase: “Queremos ter um impacto positivo em todos aqueles dos quais dependemos”.