O presidente da Câmara de Veneza, Luigi Brugnaro, ordenou esta sexta-feira o encerramento da célebre praça de São Marcos, ameaçada por uma nova inundação de dimensão excecional. “Sou obrigado a fechar a praça de São Marcos para proteger os cidadãos de Veneza de qualquer risco à saúde, um desastre”, indicou Brugnaro.

Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, a praça de São Marcos já estava inacessível e foi atingido um pico de 154 centímetros, o que significa que 70% da cidade está inundada, embora abaixo do nível esperado de 160 centímetros. Segundo o Gabinete Meteorológico de Veneza, o pico da maré foi de 154 centímetros às 11h26 (10h26 em Lisboa) e começou a descer lentamente, sobretudo graças à ausência de vento.

O Centro de Previsão de Marés da Câmara Municipal de Veneza registou às 9h15 (8h15 em Lisboa) uma subida da maré de 131 centímetros, de modo que a praça de São Marcos, o ponto mais baixo da cidade a 80 centímetros do nível do mar, encontrava-se inundada em cerca de 50 centímetros. Por este motivo, o presidente da Câmara de Veneza, Luigi Brugnaro, decretou o fecho da praça de São Marcos por razões de segurança.

Face às inundações, o governo italiano declarou na quinta-feira o estado de emergência.

Inundações em Veneza atingem o nível mais alto desde 1966: “Será necessário recomeçar do zero”

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“O governo aprovou o estado de emergência em Veneza”, disse o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, numa mensagem divulgada na rede social Twitter. Giuseppe Conte acrescentou que vão ser disponibilizados 20 milhões de euros para as “intervenções mais urgentes, de apoio à cidade e à população”.

O primeiro-ministro passou a noite de quarta-feira em Veneza, onde monumentos, casas e empresas foram atingidos por inundações excecionais, tendo as águas atingido o valor mais elevado desde 1966.

A marca da água atingiu 1,87 metros na terça-feira, o que significa que mais de 85% da cidade foi inundada. O nível mais alto registado até agora foi de 1,98 metros durante as inundações em 1966. A chuva intensa tem caído desde terça-feira em Itália, afetando em particular as regiões da Sicília, Calábria e Basilicata e Veneza, que se confrontou também com uma acqua alta (maré alta) excecional.

Devido às cheias, a edição deste ano da Bienal de Arte de Veneza esteve encerrada na quarta-feira, mas reabriu esta sexta-feira, disse a organização, acrescentando que, entretanto, mais de 1.300 pessoas já visitaram o certame, nas zonas do Arsenale e Giardini.

Portugal está representado nesta 58.ª edição da Exposição Internacional de Arte Contemporânea de Veneza com a exposição “a seam, a surface, a hinge or a knot” (“uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó”, em tradução livre), um projeto da artista Leonor Antunes.