Cintos de segurança, desperdícios têxteis e garrafas de plástico: pode não parecer, mas quando estiver a bordo do novo Zoe é exactamente em cima de tudo isto que vai estar sentado. Trata-se de um inovador e patenteado produto têxtil que o Grupo Renault desenvolveu em parceria com uma empresa francesa especializada em fios cardados, a Filatures du Parc, e a Adient Fabrics, produtora e fornecedora de um em cada três bancos automóveis no mundo.

A ideia de criar uma fibra feita integralmente de materiais reciclados remonta a 2015, mas já antes disso, em 2008, o grupo francês criou uma subsidiária com foco na economia circular, a Renault Environment, que trata de recolher materiais aos quais será dada uma “segunda vida”, como os desperdícios dos cintos de segurança ou os que resultam da produção de têxteis para o sector automóvel. A esta matéria-prima juntam-se as fibras de poliéster geradas a partir da reciclagem de garrafas de plástico (PET). Integrar tudo isto exigiu o desenvolvimento de uma nova linha industrial de “desfibramento”, capaz de lidar com a resistência dos cintos de segurança e garantir, simultaneamente, o comprimento pretendido para as fibras daí resultantes. Estas são depois retalhadas e misturadas com as tais fibras de poliéster das garrafas de plástico.

Segundo a Renault, “as tradicionais técnicas de cardação permitem obter um novo fio de tecelagem sem o recurso a qualquer transformação química ou térmica, desembaraçar e dividir, esticar, alinhar paralelamente e, por fim, torcer as fibras já completamente limpas de impurezas”. A etapa seguinte é da responsabilidade da Adient Fabrics, que recebe o fio 100% reciclado sob a forma de bobinas para tecer e produzir o tecido, os estofos e os acabamentos interiores.

O inovador têxtil está “reservado” a algumas versões do novo Zoe, onde cobre uma área total de 8 m². O tecido reveste não só as capas dos bancos, mas também o interior das portas, tablier e o punho da alavanca da caixa de velocidades. A marca garante que o fabrico deste fio cardado reciclado reduz as emissões associadas de CO2 em mais de 60%, com a vantagem de resultar num têxtil duradouro e resistente aos raios UV. Tudo isto “cumprindo os elevados padrões exigidos em termos de conforto e de limpeza”.

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O interior do novo Zoe destaca-se ainda por incorporar 17,5 kg de plásticos reciclados, alguns dos quais em partes visíveis do habitáculo, nomeadamente em vários elementos na zona inferior que são produzidos em polipropileno.

O Grupo Renault comprometeu-se a reduzir os impactos ambientais de cada veículo ao longo do seu ciclo de vida e a baixar a sua pegada de carbono global em 25% até 2022, face aos valores de 2010. Daí que, além das fibras recicladas, esteja a tratar de “implementar muitos outros ciclos curtos e mais fechados para materiais como o cobre, plástico, platinóides e metais ferrosos ou não ferrosos”.