Barack Obama avisou que alguns dos candidatos democratas às primárias se estão a colar demasiado à esquerda, nomeadamente no que diz respeito aos temas da saúde e imigração. Ainda que não tenha sido claro sobre a quem dirigia os avisos, Obama falou da “ala ativista” do Partido Democrata e dos “feeds de esquerda no Twitter” que, afirma, estão “longe de ir ao encontro da maioria dos eleitores”.

Obama falava perante uma plateia de apoiantes do partido, tendo a frase surpreendido os democratas, já que o ex-presidente norte-americano, ainda que tenha reunido com todos os candidatos, não tomou qualquer posição pública de apoio, de forma a evitar qualquer influência no resultado das eleições presidenciais americanas que se realizam daqui a um ano.  Trump vai tentar a reeleição, apesar do processo de destituição que se iniciou por iniciativa dos democratas com as audições públicas no congresso. Mas do lado democrata ainda não se sabe quem o irá defrontar.

O americano médio não acredita que tenhamos de mandar abaixo o sistema e refazê-lo completamente. E eu acho que é importante para nós (os Democratas) não perder isso de vista”, defendeu Obama esta sexta-feira.

“Entre os mais liberais (leia-se à esquerda para os americanos) no partido, o alerta de Obama não caiu bem e houve mesmo quem lançasse a hashtag no Twitter “toofarleft” (“demasiado à esquerda”), no caso Peter Daou — ex-consultor de Hillary Clinton —, desafiando “aqueles que criticam a colagem à esquerda” a “pelo menos uma vez dizerem que a política do país está “demasiado à direita”.

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Em causa estão as alterações no discurso do partido relativamente à política de cuidados saúde nos Estados Unidos, e que foi uma das principais prioridades de Barack Obama enquanto esteve no poder. E cujo o principal legado foi um dos primeiros alvos de Trump depois de eleito.

De entre os democratas, ainda que sem se referir diretamente ao alerta de Obama, houve quem pedisse ao ex-presidente para que não os “colocasse numa caixa”. “Eu não encaixo, já agora, os nossos eleitores também não”, afirmou o ex-governador de Massachusetts e candidato à liderança dos Democratas, Deval Patrick citado no New York Times.