O valor em causa, uma pataca (cerca de 10 cêntimos de euro), “não é nada em Macau, a maioria das pessoas não se importa de pagar esse valor”, afirmou à Lusa a ativista ambiental Annie Lao.

“Não resolve o problema, porque as pessoas vão acostumar-se a pagar uma pataca por saco de plástico” cada vez que forem a lojas e supermercados no território, considerou a ativista, que promoveu em 2018 uma petição para a proibição dos sacos plásticos.

“A principal razão para a taxa é que o público entenda o impacto ambiental negativo nos nossos oceanos e no meio ambiente em Macau e no mundo, que está a colocar um enorme custo para nós e para a geração futura, o que é simplesmente insustentável”, referiu.

A primeira lei das restrições ao fornecimento de sacos de plástico, que entra em vigor na segunda-feira, apresenta duas exceções para esta taxa: os “produtos alimentares ou medicamentos não previamente embalados” e “produtos que estejam sujeitos a restrições relativas à segurança no transporte de bagagem de mão”.

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Macau apresenta uma das maiores densidades populacionais do mundo, onde em cerca de 30 quilómetros quadrados vivem mais de 660.000 pessoas. Em 2018, 35,8 milhões de turistas visitaram a cidade.

De acordo com o último relatório do estado do ambiente, Macau descartou 522.548 toneladas em resíduos sólidos urbanos no ano passado.

Deste valor, 22,5% são plástico, tendo, no entanto, o Governo registado, em 2018, “uma diminuição na quantidade de plástico recolhido”. O mesmo relatório indicou que a quantidade de plástico recolhido, no ano passado, em 2018 foi de 250.194 quilogramas, menos 10,3% que o recolhido em 2017.

“Nos últimos 10 anos, houve uma tendência global de subida na quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados de Macau e na quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados per capita, mas observou-se um abrandamento no aumento entre 2015 e 2018”, reconheceram as autoridades.

Para o Governo, este aumento deveu-se sobretudo à “melhoria estável da economia de Macau, do aumento da capacidade de consumo dos residentes e do crescimento acelerado da quantidade de turistas”.

No ano passado, Macau produziu 2,7 toneladas de lixo ‘per capita’, mais 0,5% que em 2017 e mais do que cidades como Singapura, Hong Kong e Pequim.

“Se continuarmos assim, estamos apenas a criar um ambiente doente e insalubre em Macau para as pessoas que aqui moram. Portanto, as pessoas precisam de entender isto, com urgência, e precisam de começar a levar sacos reutilizáveis para carregarem as compras”, frisou a ativista.

O ideal “seria proibir os sacos de plástico e adotar leis rígidas para que empresas e pessoas passem a usar materiais biodegradáveis naturais e que usem sacos reutilizáveis próprios”, disse Annie Lao.

Em agosto, aquando da aprovação do diploma, o secretário para os Transportes e Obras Públicas reconheceu que a taxa sobre os sacos de plástico vem tarde. “É um passo de iniciação. Tarde, mas é um primeiro passo”, afirmou Raimundo do Rosário.