Os sindicatos dos ferroviários da CP voltaram a mostrar-se esta segunda-feira insatisfeitos com os salários praticados na empresa, apelando à valorização do setor e admitindo a hipótese de avançarem com formas de luta na ausência de respostas às reivindicações.

Uma delegação de sindicatos esteve esta segunda-feira reunida, em Lisboa, com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, após um pedido remetido à tutela, que se comprometeu, segundo os sindicatos, a analisar o processo.

“Na sequência do processo negocial da CP, da revisão do acordo da empresa e da regulamentação das carreiras e face a um bloqueio que se verificou nas últimas reuniões, solicitámos uma reunião ao senhor ministro”, afirmou o coordenador da Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) aos jornalistas, no final do encontro.

De acordo com José Manuel Oliveira, o encontro teve o intuito de demonstrar ao Governo que as medidas que estão a ser levadas a cabo para valorizar o setor só terão efeito se o “trabalho for também valorizado”.

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Para o sindicalista, é necessário valorizar a remuneração destes trabalhadores, sobretudo, tendo em conta a subida do salário mínimo na última década.

De 2009 até ao momento, o salário mínimo nacional teve um aumento de 185 euros e os trabalhadores da CP tiveram um aumento de 36 euros. Não faz sentido que o salário mínimo nacional cresça e nivele todos os outros salários por esse valor”, vincou.

Segundo o coordenador da Fectrans, a reunião, que durou cerca de duas horas, terminou com o compromisso do Governo de analisar as questões levantadas pelos sindicatos e de “retomar o processo num contexto que possibilite uma evolução rápida da negociação”. Sindicatos e Governo voltam a sentar-se à mesa no dia 28 de novembro.

“Vamos ver se na próxima reunião há alguma evolução. O ministro foi rápido a responder [ao pedido inicial de reunião], o que pode ser entendido com alguma vontade de resolver o problema, mas agora precisamos de dados concretos”, concluiu José Manuel Oliveira, não excluindo a possibilidade de os trabalhadores avançarem com formas de luta, que não especificou, na ausência de respostas que valorizem o setor.

Na semana passada, mais de 10 organizações sindicais emitiram uma declaração conjunta, publicada na página na internet da Fectrans, relativamente ao processo de negociação com a CP — Comboios de Portugal, na qual classificavam as propostas de atualização salarial, apresentadas pela administração da empresa, como insuficientes e “geradoras de distorções entre as diversas categorias profissionais”.