O vice-presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Inácio Ribeiro (PSD), e ex-presidente da Câmara de Felgueiras, é um dos arguidos no âmbito da investigação às Lojas Interativas de turismo (LIT) da TPNP, confirmou à Lusa fonte ligada ao processo.

O atual vice-presidente da Comissão Executiva da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) foi eleito para aquele cargo a 18 de janeiro deste ano para um mandato de cinco anos pela lista única encabeçada por Luís Pedro Martins. José Inácio Ribeiro é também ex-presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, cargo que exerceu durante dois mandatos, entre 2009 e 2017, tendo a inauguração da LIT daquele município ocorrido no seu executivo.

Para além de José Inácio Ribeiro, são arguidos já conhecidos no âmbito deste processo: Miguel Alves (presidente da Câmara de Caminha), Manuel Moreira (presidente da Câmara de Amares), António Vilela (presidente da Câmara de Vila Verde), Júlia Fernandes (vereadora em Vila Verde), Afonso Barroso (vereador em Vieira do Minho), José Damião Melo (vice-presidente da Câmara de Tarouca) e uma vereadora da Câmara de Mogadouro, segundo informações destas autarquias à Lusa.

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No início de novembro, e questionado pela Lusa, o município de Felgueiras informou que ninguém foi constituído arguido e que desconhecia se algum técnico foi ouvido no âmbito deste processo.

A investigação sobre a instalação de Lojas Interativas de Turismo (LIT) insere-se no âmbito da Operação Éter, mas o Ministério Público (MP) decidiu abrir um inquérito autónomo exclusivamente sobre aquela matéria. Em causa a alegada “imposição”, por parte da TPNP, das empresas responsáveis pela instalação das lojas.

Três empresas ligadas a José Agostinho, arguido na Operação Éter, faturaram mais de 2,9 milhões de euros com Lojas Interativas de Turismo em negócios com pelo menos 53 autarquias e a Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP).

No Alto Minho, cinco de oito municípios com lojas de turismo foram alvo de buscas da PJ, tendo os presidentes das Câmaras de Caminha, Melgaço, Monção, Ponte de Lima e Vila Nova de Cerveira confirmado a presença de inspetores nos seus municípios.

No distrito do Porto, as Câmaras de Gondomar, Maia, Vila Nova de Gaia, Santo Tirso, Penafiel e Lousada confirmaram ter sido contactadas no âmbito das investigações às lojas de turismo feitas na sequência da Operação Éter, sobre alegada corrupção na Turismo Porto e Norte de Portugal.

As câmaras de Braga, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Celorico de Basto, Esposende, Vizela, no distrito de Braga, também confirmaram que foram investigadas pela PJ no âmbito da Operação Éter, mas em todos os casos não há conhecimento da constituição de qualquer arguido.

A Câmara de Vila Real revelou ter sido ouvida no âmbito da Operação Éter, mas disse “desconhecer em absoluto” se “alguém de Vila Real” foi constituído arguido. À semelhança de Vila Real, Mondim de Basto revelou que membros da autarquia foram ouvidos no âmbito deste processo e também fonte do município de Boticas contou terem sido pedidos “alguns elementos e documentos” sobre a instalação da loja.

No distrito de Aveiro, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis e Castelo de Paiva indicaram ter sido alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da Operação Éter. Os presidentes das câmaras de Bragança e Torre de Moncorvo confirmaram igualmente investigações da PJ.

No âmbito da Operação Éter, o MP deduziu, a 25 de outubro, acusação contra 29 arguidos (21 pessoas individuais e oito entidades coletivas), incluindo o ex-presidente da TPNP, Melchior Moreira, que se encontra em prisão preventiva desde 18 de outubro de 2018.

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No âmbito da Operação Éter foram ainda constituídos arguidos Isabel Castro, ex-diretora operacional da TPNP, Gabriela Escobar, ex-jurista daquela entidade turística, Manuela Couto, administradora da agência de comunicação W Global Communication (antiga Mediana), e José Agostinho, da firma de Viseu Tomi World.

Melchior Moreira tinha sido reeleito a 4 de Junho de 2018 para o seu quinto e último mandato na TPNP com 98,36% dos votos para um cargo que exercia desde 2008.

A Lusa tentou ouvir José Inácio Ribeiro, mas tal não foi possível até ao momento.