Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Economia / Crescimento Económico Seguir Crescimento. OCDE mais pessimista do que Governo para 2020 Investimento deverá ter forte abrandamento no próximo ano. OCDE alinha com Governo previsões para saldo orçamental. Dívida pública deverá continuar a cair. Vítor Rodrigues Oliveira Texto 21 Nov 2019, 10:00 276 i JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) até concorda com as previsões do Governo para o crescimento deste ano (1,9%), mas é mais pessimista para 2020, prevendo agora uma subida de 1,8% do PIB. O ministro das Finanças, nas previsões que enviou para Bruxelas em outubro, no âmbito do esboço orçamental, tinha apontado para 2,0%.As previsões da OCDE são, no entanto, ligeiramente menos pessimistas do que as do FMI (1,6%) e da Comissão Europeia (1,7%). Para 2021, tal como Bruxelas, a OCDE baixa ainda mais as previsões, avançando agora com um crescimento de 1,7% para Portugal. A maior divergência entre OCDE e o Governo para o próximo ano diz respeito ao investimento. A organização internacional ainda acredita que este ano as empresas e o Estado vão investir em conjunto mais 6,9% do que no ano passado (Centeno prevê 8,2%), porque “a absorção de fundos estruturais vai segurar o investimento”, mas no próximo ano espera um forte abrandamento, para 1,2%, que compara com os 5% do Governo.Para a OCDE, a economia “manteve-se dinâmica no primeiro semestre do ano”, com o consumo privado a beneficiar de “um mercado de trabalho rígido que fez subir de forma modesta os salários” e de uma “inflação fraca”. A procura interna “também foi aumentada por um forte investimento empresarial”. A entidade liderada pelo economista mexicano José Ángel Gurría espera uma subida no consumo privado de 2,1% este ano e de 2,2% em 2020 — ambas em linha com o cenário do ministro das Finanças —, mas a melhoria será mais lenta em em 2021 (1,7%). O consumo “vai abrandar devido a um menor crescimento dos salários”, de acordo com a OCDE.A OCDE nota ainda que “o crescimento das exportações teve um ligeiro abrandamento e a confiança da indústria deteriorou-se na segunda parte do ano, refletindo crescentes incertezas sobre condições externas e tensões comerciais”. No entanto, “os indicadores de confiança para serviços, consumidores e construção estabilizaram, indicando alguma resistência face aos desenvolvimentos externos negativos”.A organização antecipa agora um aumento de 2,7% para as exportações, face aos 2,9% do Governo, “sustentado por ganhos de competitividade, apesar das condições externas desafiantes”, mas a maior diferença, uma vez mais, é registada no próximo ano: a OCDE espera subida mais lenta, de 1,1%, enquanto o Governo espera uma aceleração, de 3,9%. No entanto, como também espera um abrandamento para as importações no próximo ano, o balanço entre o que Portugal comprou e vendeu ao exterior (-0,9% em 2019 e -0,2% em 2020) é muito semelhante às previsões de Mário Centeno (1% em 2019 e -0,2% em 2020). Para a economia mundial, a OCDE prevê agora no próximo ano o mesmo crescimento deste ano — 2,9%, em vez dos 3% previstos em setembro —, num contexto de guerra comercial, Brexit e outras incertezas. A organização pede medidas urgentes aos governos mundiais para dar um estímulo às respetivas economias. O crescimento pode até “ser mais baixo se os riscos negativos se materializarem ou interagirem”.A Zona Euro deverá ter um crescimento de 1,2% este ano, abrandando ligeiramente para 1,1% em 2020. Já os EUA deverão crescer 2,3% este ano, podendo abrandar para 2,0% no ano seguinte. E a China deverá ter já uma melhoria no PIB de 6,2%, seguida de 5,7%.OCDE acredita nas previsões do Governo para as contas públicasA organização internacional, que estuda políticas económicas em países desenvolvidos, acredita, tal como Bruxelas, nas previsões de Mário Centeno para o saldo orçamental — em cenário de políticas invariantes, pré-orçamento. Está em causa um défice de 0,1% este ano e um saldo nulo em 2020. A OCDE acrescenta também a previsão de um ligeiro excedente orçamental, de 0,1%, em 2021. Apesar de observar estes valores como “adequados”, a OCDE sugere uma vez mais que Portugal implemente “políticas estruturais que possam ajudar a melhorar a produtividade ainda mais”. Propõe ainda “um ambiente regulatório mais simplificado, uma concorrência no mercado de bens mais forte” e uma melhoria das competências.Com as contas públicas a melhorarem, a OCDE antevê que a dívida pública continue a descer. Na metodologia que interessa a Bruxelas, com critérios de Maastricht, a OCDE prevê que a dívida desça de forma progressiva até 2021 — 119,3% do PIB este ano, 117,1% em 2020 e 114,3% no ano seguinte.Para o desemprego, a organização internacional prevê também que “desça ligeiramente” ao longo deste período, com uma taxa de 6,5% este ano, 6,4% em 2020 e 6,3% em 2021.