O gigante tecnológico Facebook disse esta quinta-feira notar um aumento do número de abusos contra as mulheres na Internet, tanto na propagação de discursos de ódio como na divulgação de conteúdos não consentidos, reconhecendo que este “é um desafio enorme”.

Estamos totalmente conscientes de que há um problema. Experienciamos cada vez mais abusos [contra mulheres] através da nossa plataforma e das nossas ferramentas”, declarou a responsável por políticas públicas do Facebook para a Europa, Michela Palladino, num debate em Bruxelas.

De acordo com a representante, “o Facebook leva esta questão muito a sério”, já que em causa “está um desafio enorme, do tamanho da comunidade”, que integra atualmente 2,3 mil milhões de utilizadores de todo o mundo. Por isso, “estamos dispostos a fazer tudo o que pudermos” e “queremos ser parte da solução”, vincou Michela Palladino, intervindo num debate sob o mote “Quebrar o silêncio sobre a violência online contra as mulheres”, promovido pelo grupo de Mulheres do Partido Socialista Europeu.

Admitindo a existência de milhares de publicações ou comentários de ódio contra mulheres, bem como de conteúdos não consentidos e de teor sexual, Michela Palladino garantiu que o Facebook tem feito “muitas melhorias” no combate a este tipo de casos. A responsável precisou que a plataforma está a aumentar a monitorização deste tipo de situações, desde logo com parcerias com outras entidades, e está também a “desenvolver ferramentas para ajudar as pessoas” a denunciar tais casos. “Queremos que as pessoas se sintam seguras”, referiu a representante.

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Presente na ocasião, a especialista em assuntos de género e responsável por um relatório do Parlamento Europeu sobre o tema Adriane Van der Wilk apontou que nesse documento, datado de setembro do ano passado, chegou-se à conclusão de que as mulheres que mais são alvo de abusos na Internet são “as que levantam a sua voz”, tanto em prol de uma causa, como por motivos profissionais (jornalistas, artistas, responsáveis políticas, etc.).

Geralmente, os abusadores são homens jovens e, muitas vezes, conhecem as vítimas, o que demonstra que a violência doméstica está a transferida para a Internet”, assinalou Adriane Van der Wilk.

A especialista adiantou que este tipo de casos tem “tremendas consequências” na vida destas mulheres, principalmente na sua reputação e autoestima.

Porém, o tipo de vítimas não está padronizado e pode abranger outras faixas etárias. Um outro estudo, da rede de associações European Women’s Lobby, referido na ocasião indica que, na Europa, nove milhões de jovens mulheres já sofreram, aos 15 anos, de algum tipo de violência cibernética.

Na próxima segunda-feira assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.