O diretor do Departamento para África do Fundo Monetário Internacional (FMI) instou esta quinta-feira as autoridades moçambicanas a gerirem com transparência os ganhos dos recursos naturais, visando o combate à pobreza e a promoção da prosperidade.

“A existência de imensos recursos naturais cria um potencial para tirar milhões de moçambicanos da linha de pobreza, mas esse benefício só será possível se os recursos forem geridos de forma transparente”, declarou Abebe Selassie, em Maputo.

Abebe Selassie falava sobre o tema “Perspetivas económicas para a África Subsariana 2030: desafios e oportunidades para Moçambique”, durante o Fórum Económico e Social de Moçambique (Mozefo), que terminou esta quinta-feira.

Para uma redistribuição equitativa das receitas dos recursos naturais, principalmente de gás, será importante que todos os moçambicanos saibam onde são alocados os ganhos e por que razão, defendeu.

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Se a expectativa de uma comunidade é ver uma escola na sua região, terá de ser explicado por que a escola não está lá”, exemplificou.

O combate à corrupção é igualmente fundamental para o bem-estar dos moçambicanos, porque desencoraja o desvio de verbas necessárias aos serviços públicos essenciais e propicia um clima favorável ao investimento privado, prosseguiu Abebe Selassie. O diretor do Departamento do FMI para África defendeu igualmente o fortalecimento das instituições do Estado como garantes dos direitos e liberdades individuais e da livre iniciativa.

Falando no mesmo painel, a antiga primeira-ministra moçambicana Luísa Diogo apontou o imperativo de uma transformação estrutural da economia e sociedade moçambicanas, para que o país esteja à altura de partilhar os ganhos das receitas dos recursos naturais. “Fizemos no passado reformas que nos colocaram num patamar de crescimento atrativo, mas agora precisamos de uma transformação estrutural, que torne as instituições mais capazes de assegurar a redistribuição”, defendeu Luísa Diogo.

Políticas e uma gestão macroeconómica prudentes são essenciais para que o país tenha os fundamentos necessários a um crescimento económico inclusivo, acrescentou Luísa Diogo.

Para o académico moçambicano José Chichava, ex-ministro da Administração Estatal, a inclusão das comunidades rurais no desenho e implementação de políticas será primordial para o sucesso do combate à pobreza. “As comunidades têm muito a ensinar sobre como é que querem que os seus problemas sejam resolvidos. Se forem impostas soluções não negociadas, não haverá a necessária mobilização”, frisou. Para o efeito, é importante alargar o acesso à educação de qualidade, para que a sociedade participe no processo de governação com eficácia, adiantou.