Um homem assassinou a tiro uma mulher sem-abrigo no Brasil depois de esta lhe ter pedido um real (equivalente, à taxa de câmbio atual, a 22 cêntimos) na rua. O crime aconteceu no centro do município de Niterói, no Rio de Janeiro, ao final da madrugada do passado sábado.

O homicida chama-se Aderbal Ramos de Castro, é ou pelo menos era alegadamente dono de um snack-bar e encontra-se já detido. A vítima, por sua vez, chamava-se Zilda Henrique dos Santos Leandro, era conhecida como “Néia” e tinha 31 anos.

Há já duas versões contraditórias sobre o que motivou o crime: a advogada de defesa, Daniela Lopes, garante que Aderbal foi alvo de uma tentativa de assalto, tendo reagido em autodefesa, enquanto uma irmã da vítima, que preferiu não se identificar invocando medo de represálias, diz que “Néia” pediu ao homicida um real (22 cêntimos) para comprar pão e não evidenciou sinais de colocar em risco a sua integridade física.

Nas imagens das câmaras de segurança que começaram a circular mostrando o momento do crime, é possível perceber que Néia falou e gesticulou na direção de Aderbal Ramos, que a contornou e que se tentou ir embora. Sem dar sinais de poder agredir ou atacar o homicida, foi atrás dele após Aderbal ter-se desviado. Então, o homicida sacou da arma e disparou pelo menos dois tiros, tendo prosseguido rua fora de arma na mão e deixando a vítima caída atrás de si. Os bombeiros locais ainda a tentaram salvar — segundo o site G1, transportaram Néia para o Hospital Estadual Azevedo Lima, mas esta não resistiu e morreu no caminho.

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A advogada de defesa do autor dos disparos, Daniela Lopes, afirmou que Aderbal “estava a caminho do trabalho” e que “já foi assaltado outras vezes naquela região e por isso reagiu”, citada pelo G1. Daniela Lopes terá dito ainda que o seu cliente tem porte de arma, o que segundo o jornal Correio, publicado na Bahia, “foi negado pela Polícia Civil”. De acordo com este último meio, Daniela afirmou ainda: “Não importa se foi um real ou não. O que importa era o que estava dentro da bolsa [do autor dos disparos]. Ele apenas se defendeu de um assalto”.

A irmã da vítima, que preferiu não se identificar, relatou deste modo o que considera que aconteceu no passado fim-de-semana: “Ela chegou nele para pedir um real para comprar um pão. Após isso, ele falou que era para a minha irmã sair porque senão dava-lhe um tiro. Ela disse que era para ele dar o tiro, então. Ele pegou na arma e atirou na minha irmã”.

Por causa de um real ele tirou a vida da minha irmã. Eu não me conformo com o que esse homem fez com a minha irmã. Ele não pode ficar impune. Ele tem que pagar pelo que ele fez”, defendeu ainda a irmã de “Néia”.

Os testemunhos de quem assistiu ao crime e dos moradores que conheciam a vítima parecem contradizer a versão do autor dos disparos. Citada no site do jornal Correio, uma testemunha do crime afirmou: “Eu estava a chegar para trabalhar e vi quando ela parou perto dele e pediu dinheiro. Quando me virei, só o vi a pegar na arma e a disparar contra ela. Em seguida, foi embora como se nada tivesse acontecido. Ele matou a Néia com a maior naturalidade e como se ela fosse um bicho”.

Outros moradores da zona em que aconteceu o crime garantiram também, citados pelo Correio 24 Horas, que “a vítima, que era conhecida como Néia, costumava pedir dinheiro na região e nunca fazia abordagens de maneira agressiva”.