Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Economia / BCE Seguir Lagarde diz que Europa tem de se habituar a menos comércio externo Num discurso perante uma plateia de banqueiros, em Frankfurt, nova presidente do BCE diz que as elevadas taxas de crescimento do comércio externo do passado deixaram de ser uma certeza. Edgar Caetano Texto 22 Nov 2019, 13:05 i ▲Christine Lagarde sucedeu a Mario Draghi na liderança do BCE. JULIEN WARNAND/EPA ▲Christine Lagarde sucedeu a Mario Draghi na liderança do BCE. JULIEN WARNAND/EPA “A Europa precisa de inovar e investir, de forma a poder responder aos desafios e preservar a sua competitividade no longo prazo”, afirma Christine Lagarde, que esta sexta-feira fez um discurso perante uma plateia de banqueiros em Frankfurt, a poucos dias de liderar a primeira reunião do Conselho do Banco Central Europeu. Ao mesmo tempo, a francesa acrescentou que esta missão é mais essencial, ainda, porque “as elevadas taxas de crescimento do comércio externo a que estamos habituados deixaram de ser uma certeza absoluta”.Ao contrário do que alguns previam, o discurso de Lagarde não se focou nas matérias relacionadas com a política monetária mas, sim, ao momento económico atual que se vive na Europa e os desafios que incluem um reequilíbrio entre o que deve ser o nível de consumo interno e, por outro lado, o nível de comércio externo na economia europeia. A nova presidente do BCE indicou que a autoridade monetária vai avançar com uma revisão estratégica da política monetária “no futuro próximo”, na linha do que já tinha sido indicado pela responsável. Lagarde acrescentou, também, que o BCE “vai continuar a monitorizar, de forma contínua, os efeitos colaterais” das suas políticas, que incluem taxas de juro negativas e o reinício das compras de ativos no mercado.Mas o principal enfoque, no discurso, foi para a necessidade de a zona euro fazer avanços em áreas como a conclusão do mercado único de serviços digitais. Este é um fator que deve ter mais prioridade do que o debate entre se os países (como a Alemanha) devem ou não gastar mais — a posição de Christine Lagarde é que não é uma questão de gastar mais ou menos, o que pode fazer a diferença é gastar de forma diferente, com mais investimento em detrimento de outras despesas públicas.Christine Lagarde deu, também, uma no cravo e outra na ferradura quando comentou a controvérsia em torno dos excedentes públicos da Alemanha. A presidente do BCE defendeu que “uma união monetária demasiado focada na partilha de risco irá, com grande probabilidade, resultar em riscos morais e pouca poupança” — esta é uma declaração a piscar o olho aos cidadãos alemães, por exemplo. Por outro lado, Lagarde também alerta que “dar apenas prioridade à redução do risco deverá levar ao problema inverso: excesso de poupança e crescimento frágil”.