O administrador não executivo da TAP Diogo Lacerda Machado acredita que a companhia vai começar “a ganhar sustentadamente dinheiro”, acrescentando que “o dono do futuro da transportadora é o Estado português”.

“A TAP deverá, nos próximos tempos, começar a ganhar sustentadamente dinheiro e tem a capacidade de ser, na minha opinião hoje, como é, uma companhia interessante”, afirmou o administrador não executivo e também presidente da Comissão de Estratégia da TAP, indicado pelo acionista Estado.

Sobre os prejuízos da TAP, o responsável quis lembrar que “nos últimos 45 anos a TAP teve dois anos de resultados positivos”. “Teve 43 anos de perdas e relativamente a prejuízos semestrais, daqueles que foram anunciados — e que fizeram, aliás títulos de primeira página —, se tivesse havido alguma busca de informação para as pessoas saberem mais, teriam percebido que houve cinco anos para trás que os resultados foram piores do que estes”, reforçou.

O responsável falava na quinta-feira no 31.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e que conta com 450 participantes, sob o tema “Portugal: Preparar o Amanhã”.

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Diogo Lacerda Machado elogiou todo o trabalho desenvolvido pelo acionista privado, o consórcio de David Neeleman, e o facto de este, tendo 45% apenas da TAP em vez dos 100% anteriores, ter aceitado reconfigurar um plano estratégico que ‘dá frutos’. Afirmando, contudo, que “o dono do futuro da TAP é o Estado português”.

A TAP registou prejuízos acumulados de 111 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, que atribui a “variações cambiais sem impacto na tesouraria”, de acordo com um comunicado divulgado em 18 de novembro. “A TAP S.A. apurou um prejuízo acumulado, nos primeiros nove meses do ano, de 111 milhões essencialmente devido a variações cambiais sem impacto na tesouraria. Excluindo esta variação cambial, o lucro líquido consolidado do grupo TAP, no terceiro trimestre de 2019, foi de 61 milhões de euros positivos, compensando em mais 50% o prejuízo gerado no primeiro semestre de 2019”, avançou a companhia.

A empresa registou quase 120 milhões de euros em prejuízos nos primeiros seis meses do ano. A empresa angariou receitas consolidadas no terceiro trimestre de 2019, que ascenderam a 1.052 milhões de euros, “equivalente a um aumento de 6,1% face a igual período do ano anterior, suportado pelo crescimento do mercado norte-americano e pela recuperação do Brasil”, de acordo com a mesma nota.

O resultado operacional consolidado do grupo foi de 129 milhões de euros no terceiro trimestre de 2019, “equivalente a 12,2% das receitas, em linha com outras empresas congéneres da Europa”, garante a empresa. Segundo o comunicado, em 2019, “a TAP já amortizou mais de 170 milhões de euros de passivo financeiro”. Além disso, o prazo médio da dívida da TAP “duplicou em quatro anos, passando de menos de 24 meses no momento da privatização em 2015 para aproximadamente quatro anos no final do terceiro trimestre de 2019”, revela a empresa.

A TAP indicou também que obteve um rating BB-, com outlook (perspetiva) estável, “pela agência de notação financeira Standard & Poor’s, aguardando-se a atribuição de rating por uma segunda entidade internacional”. A companhia aérea planeia ainda “contratar mais de 800 novos colaboradores no próximo ano, dos quais mais de 100 são pilotos e cerca de 600 serão assistentes de bordo, para fazer face ao crescimento da TAP”. De acordo com o grupo, desde a privatização a TAP já contratou mais de três mil colaboradores em Portugal.

No mesmo dia, a TAP anunciou o lançamento de uma nova oferta de obrigações sénior, com o valor indicativo de 300 milhões de euros e maturidade até 2024, indicando que “as receitas resultantes da oferta, se concluída”, serão para a “antecipação do reembolso de determinados empréstimos no âmbito do passivo existente da TAP e extensão do respetivo prazo médio de maturidade”, bem como para o “pagamento de comissões e despesas relacionadas com a oferta das obrigações”.