Os trabalhadores da Cervejaria Galiza, no Porto, pagaram esta quinta-feira uma fatura de cerca de 3.750 euros para evitar o corte da eletricidade no estabelecimento, revelou à agência Lusa o delegado sindical António Ferreira.

Dias depois de “na reunião no Ministério do Trabalho, a advogada da empresa ter garantido que a fatura estava paga”, os funcionários foram esta quinta-feira confrontados com a “ameaça de corte pelo fornecedor pelo não pagamento da fatura de setembro”, denunciou António Ferreira.

Em conflito com a administração depois de atrasos no pagamento do subsídio de Natal de 2018 bem como uma parte do salário deste mês, os 31 trabalhadores da cervejaria estão há cerca de duas semanas a gerir o espaço, mantendo-o a funcionar, depois de uma tentativa frustrada da empresa de fechar o estabelecimento.

Hoje recebemos outra carta, relativa ao gás, que não podemos abrir, mas que achamos ser também por atraso no pagamento”, acrescentou António Ferreira que, recorrendo aos valores médios pagos pela empresa do fornecimento do gás antecipa que se trata “de uma conta, também, elevada”.

Confrontados com uma despesa que não contavam ter numa fase em que a gestão da cervejaria é feita ao dia, os trabalhadores apelam à comparência dos portuenses ao estabelecimento, para ali “fazerem as suas refeições e ajudar à luta”, disse o representante sindical.

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Com nova reunião no ministério agendada para a próxima segunda-feira numa altura em que se fala do interesse de investidores, os trabalhadores querem “aguentar, pelo menos, até domingo na sua luta pelos postos de trabalho”. “Hoje investimos cerca de dois mil euros na reposição do stock para durar até domingo, sendo que devido a isso o saldo ficou negativo”, esclareceu.

A Cervejaria Galiza está, desde há quatro anos, em dificuldades, com dívidas aos funcionários, ao fisco e à Segurança Social que ascendem aos dois milhões de euros. A tentativa de resolver o problema passou pelo recurso a um Processo Especial de Revitalização (PER), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, e pela chegada de um gestor.

Os 31 trabalhadores mantêm-se, desde o dia 11 de novembro, de dia e noite, de forma alternada nas instalações, depois de se terem apercebido, nesse dia, da tentativa da retirada do equipamento pela proprietária da cervejaria.

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