O Grupo Vila Galé vai mesmo avançar com uma nova unidade hoteleira na mesma região do Brasil onde decidiu abandonar o projeto que tinha após as críticas de que ia investir em potencial zona de reserva indígena.

“A desistência [desse projeto] em Una [Bahia] resulta de um clima que nos foi criado e que um dia ainda hei de entender porquê. Não tem base nenhuma. Era numa área que não tem vestígios nenhuns de ter tido alguma vez na vida indígenas”, disse o presidente do Vila Galé, à margem do 31.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que termina hoje em Viana do Castelo.

Em 18 de novembro, o grupo Vila Galé anunciou que ia abandonar o projeto para a instalação de um resort na região da Bahia, que esteve debaixo de críticas por estar previsto para um local de potencial reserva indígena. Argumento que sempre foi refutado pelo grupo.

Brasil. Grupo português Vila Galé abandona projeto de construção de hotel em reserva reclamada por indígenas

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“Quer o Congresso, quer a Prefeitura de Una, quer o governo Federal, a Embratur, o Ministério do Turismo, o Ministério da Agricultura, toda a gente nos apoiou neste projeto”, reforçou, acrescentando que o apoio das entidades brasileiras vão levar o grupo “a fazer outro projeto na mesma região”.

O responsável admitiu que, desde a desistência em avançar com aquele mega resort, já lhe foram apresentadas “duas ou três novas oportunidades” e que vão avançar “com uma delas”, só que “mais devagar”, pois o grupo quer “estudá-las bem”, nomeadamente a nível ambiental.

Não era justo que aquelas populações e aquela Prefeitura, com um prefeito de mão cheia, daqueles que corre atrás, que ficasse privado de uma oportunidade de ter ali um negócio para valorizar todo aquele sítio”, afirmou ainda.

Aquando o anúncio da desistência, no início da semana, a Vila Galé já tinha referido que em abril de 2017 “foi convidada pelo governo da Bahia e Prefeitura de Una para realizar um investimento num mega resort para ajudar ao desenvolvimento da região de Una, tendo sido estabelecida uma parceria com a empresa proprietária dos terrenos”, garantindo que realizou todos os estudos e projetos, que foram aprovados pelas autoridades competentes e que, “ao longo de todo esse tempo, não surgiu qualquer reclamação ou reivindicação, apesar de ser pública e notória em toda a região a notícia do projeto”.

O grupo adiantava ainda, num comunicado, que não há sinais de ocupação ou utilização indígena num raio de muitos quilómetros e “não existe qualquer reserva indígena decretada para” a área em causa “nem previsão de a vir a ser”.

“Passaram três mandatos governamentais anteriores, com vários ministros da Justiça e nenhum deles aprovou a demarcação das terras indígenas”, garantiu a empresa portuguesa. “Entretanto, tratando-se de um tema delicado que suscita estados emocionais por parte de alguns setores, fomos acusados de falsidades inconsistentes e graves”, criticou o grupo, no mesmo comunicado.

A Vila Galé revelou, então, que ia ser forçada a “abandonar” o projeto, isto, “apesar de os projetos estarem aprovados e terem o apoio explícito da Prefeitura de Una, do governo Estadual da Bahia e dos órgãos de Turismo do governo Federal, por se tratar de uma obra de maior relevância económica e social”, acusando ainda “alguns poucos sem razão [de] prejudicarem toda uma população que se vê privada da oportunidade de ter emprego num projeto de prestígio”.

“Não é de nosso interesse que um hotel resort Vila Galé nasça com a iminência de um clima de guerra ainda que injusta e sem fundamento (…)”, criticou o grupo. O empreendimento estimava criar mais de 500 empregos diretos e cerca de 1.500 indiretos, segundo o Vila Galé.