Já passaram quinze anos desde que Scolari nos ensinou que “aeromoça” é hospedeira, “cadarço” é atacador, “açougue” é talho, “trem” é comboio e que “pimbolim” é matraquilho.
Mas agora que Jorge Jesus viajou para o outro lado do Atlântico para se tornar um salvador do Flamengo, expandiu-se o dicionário com o futebolês que convém aprender para acompanhar passe a passe o decisivo confronto da equipa orientada pelo português frente ao River Plate argentino. Descobrimos 11 obrigatórias. Estão aqui em baixo.
Goleiro
“Goleiro” em português do Brasil, às vezes também chamado “arqueiro”, é o guarda-redes no português europeu. No futebol, a palavra “goleiro” pode ser modificada por outra palavra, “líbero”. Juntas referem-se ao guarda-redes que tem por hábito jogar numa posição mais adiantada, acabando por servir de assistente aos zagueiros. Zagueiros?
Zagueiro
Sim, zagueiros. Os “zagueiros” são os defesas centrais na terminologia futebolística aqui pela Europa. No Brasil, também lhes podem chamar “beque”. São os que atuam entre a linha de meio campo e a baliza para evitar que os atacantes — esta soa mais familiar — cheguem às redes da equipa. O Pepe, por exemplo (e nem a propósito, já que nasceu no Brasil), é um zagueiro.
Lonteiro
“Atacante” soava simples demais? Então desengane-se. É que, à parte deste pragmatismo da linguagem futebolística brasileira, em que o atacante — em português de Portugal, o avançado — ataca, os brasileiros também chamam “lonteiro” ao atacante que joga nas pontas dos campos. Já o “ponta” corresponde ao “extremo” dos portugueses.
Centroavante
É mais uma palavra a manter em mente quando olhar para a defesa do Flamengo. O “centroavante” é o nosso ponta de lança. Ainda pertence à linha de defesa, mas partilha uma posição mais híbrida com a linha de ataque porque é ele quem tem o dever de distribuir jogo e analisar oportunidades de golo — “gol” do outro lado do Atlântico, mas isso já são preciosismos — para a equipa que representa.
Volante
É o médio defensivo ou trinco do português de Portugal. Mas esta é uma daquelas expressões que combina bem com o confronto de este sábado. É que “volante” foi adotado do apelido de Carlos Volante, um jogador argentino (tal como o River Plate que Jesus vai defrontar) que jogou como meio-campo defensivo no Flamengo.
Meia
“Meia” num lado do Atlântico é o médio nesta margem do oceano. Mas não é tão simples quanto parece: há o meia-armador, o meia de ligação, o meia apoiador, o meio campista (o lateral esquerdo e o direito), o meia-atacante, o meia ofensivo. Cada um tem um objetivo especial, mas todos partilham a mesma missão: ficar pelo meio-campo, distribuindo o jogo à semelhança do volante, entre a linha de defesa e a de ataque da equipa.
Beque de fazenda
“Beque” é outra palavra utilizada para os defesas de uma equipa. Mas este não é um “beque” qualquer. É um defesa que utiliza jogadas violentas para roubar a bola aos jogadores da equipa adversária. Outra palavra do português do Brasil para um “beque de fazenda” é “açougueiro”, que fora do futebolês é um talhante.
Pipoqueiro
Do outro lado do espectro está o “pipoqueiro”, que é o português do Brasil para os jogadores que evitam confrontos homem a homem com receio de se lesionarem. Não confundir com a expressão “cavar uma falta”, que acontece quando um jogador simula ter-se lesionado num confronto com outro atleta para tentar que o árbitro (ou “juíz” no Brasil) lhe dê uma falta.
Artilheiro
É o nome transatlântico para o jogador, normalmente o atacante, que maior histórico de golos tem num determinado campeonato. O termo foi emprestado do vocabulário militar, já que “artilheiro” é também o soldado que utiliza armamento pesado durante um conflito.
Bandeirinha
São os assistentes do árbitro principal. Se o “juiz” atua dentro de campo, os “bandeirinhas” ficam ao longo das quatro linhas para serem os auxiliares do primeiro.
Torcida
“Torcida” é a claque. É a “galera” que apoia os clubes a partir das bancadas, com cantorias, bandeiras, faixas e tambores.