Marcelo Claure, presidente do conselho de administração da empresa norte-americana WeWork, publicou na sua conta de Instagram o menu da refeição que teve na noite de sexta-feira, no Babboo, um restaurante italiano com uma estrela Michelin, cujo menu tem um valor de cerca de 100 euros por pessoa. “Overdose de pasta“, escreveu na legenda o empresário.

Uma refeição de mais um gestor bem-sucedido, num restaurante de luxo nova-iorquino, não parece ser digno de notícia. O problema é que, precisamente no dia anterior, Claure tinha dirigido um processo de despedimento coletivo numa das suas empresas, a malograda WeWork, que levou ao afastamento de cerca de 2.400 trabalhadores num só dia, como relembra o Business Insider.

Imagem do menu do restaurante publicada pelo próprio numa Instagram Story (D.R.)

Ainda na sexta-feira à tarde, uma mensagem do empresário na sua conta de Twitter — onde agradecia os comentários pela forma como liderou o processo de despedimentos — já tinha levado a várias críticas nas redes sociais: “Ele acabou de despedir quatro mil empregados da WeWork mesmo antes do Dia de Ação de Graças”, comentou a jornalista do New York Times, Amy Chozick, referindo-se ao número inicialmente avançado pelos jornais.

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Acabariam por ser, afinal, cerca de 2.400 trabalhadores, mandados para casa numa única reunião, para a qual lhes tinha sido dito que deveriam levar consigo “o computador, equipamentos da WeWork e todos os itens pessoais”, de acordo com a CNN.

A WeWork enfrenta um processo de reestruturação profunda, depois de um crescimento exponencial ao início da vida. A empresa, que se propõe a alugar escritórios e espaços de co-working em todo o mundo, foi criada em 2010 e contava atualmente com espaços em 500 locais diferentes por todo o mundo. Segundo a BBC, no início deste ano tinha uma avaliação no valor de mais de 40 mil milhões de euros no início deste ano, feita pelo seu principal investidor, o Softbank. Atualmente, esse valor foi revisto para os sete mil milhões.

Nos últimos dois meses, a situação da WeWork piorou, depois de a empresa não ter conseguido entrar na bolsa. Um dos seus co-fundadores, Adam Neumann, que tinha tentado levar a empresa a investir em mais áreas para lá do seu core business, demitiu-se. A CNN diz mesmo que, durante este período, houve rumores de que a empresa não avança para um despedimento coletivo por não ter sequer dinheiro para pagar as indemnizações devidas aos trabalhadores.

Foi então que o principal investidor, o Softbank, entrou com um resgate financeiro para recuperar a empresa e levar a cabo uma reestruturção, dizendo que a WeWork irá agora levar a cabo “os despedimentos necessários para criar uma organização mais eficiente”. E quem é o CEO do Softbank? Nada mais nada menos do que Marcelo Claure, que, um dia depois de ter dado o OK ao afastamento de mais de dois mil empregados, tornou público o seu jantar Michelin.