O Campeonato de hóquei em patins teve um início atípico e a última quarta-feira foi um exemplo paradigmático dessa imprevisibilidade que a competição está a ter na presente temporada: na mesma jornada, o Benfica não foi além de um empate com o HC Braga, o FC Porto perdeu em Barcelos e o Sporting tropeçou com a Sanjoanense. O equilíbrio tornou-se uma nota dominante mas, no caso dos dragões, a margem de erro tornou-se quase nula após os sucessivos resultados negativos. E era nesse contexto que chegava o clássico no Dragão.

Enquanto o Benfica, que procura vencer o Campeonato após três anos de jejum, perdeu apenas pontos no Minho, o FC Porto começou a competição com um empate caseiro com a Juventude de Viana, uma derrota no João Rocha com o Sporting e mais um desaire em Barcelos, o que colocava já uma desvantagem de seis pontos face ao primeiro lugar. Cientes dessa pressão extra, os encarnados tiveram uma exibição consistente, com Ordoñez em destaque, mas não resistiram ao último forcing dos dragões que, com dois golos nos últimos cinco minutos, conseguiram dar da volta a um jogo onde estiveram sempre em desvantagem e ganhar o clássico por 4-3, mantendo-se na luta pelo título de um Campeonato que tem agora a Oliveirense e o Óquei de Barcelos na liderança.

Logo a abrir, numa grande jogada de contra-ataque 3×2, Diogo Rafael assistiu Nicolia para o primeiro golo aos 3′. Quatro minutos depois, foi o argentino que assistiu o compatriota Lucas Ordoñez para um movimento de classe que aumentou a vantagem dos encarnados. O Benfica estava melhor no jogo e contava com um Pedro Henriques intransponível na baliza, que ia travando todas as incursões ofensivas dos azuis e brancos.

Ainda assim, e antes do intervalo, Gonçalo Alves conseguiu reduzir numa insistência de meia distância após um lance muito protestado pelas águias, que se queixaram de uma falta sobre Ordoñez no início da jogada, que colocou a equipa em inferioridade numérica na defesa (18′). Gonçalo Alves, Nicolia e Lucas Ordoñez viram depois cartão azul (os dois primeiros por um momento de maior tensão com o jogo parado) mas Di Benedetto não conseguiu transformar o livre direto, fazendo com que o FC Porto falhasse o empate ainda na primeira parte (19′).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No arranque da segunda parte, Pedro Henriques voltou a estar em destaque ao travar um livre direto de Gonçalo Alves após cartão azul a Gonçalo Pinto e Lucas Ordoñez deu continuidade à exibição de sonho no Dragão, marcando com uma “picadinha” um livre direto após décima falta dos azuis e brancos que fez o 3-1 (29′). No mesmo minuto, Reinaldo Garcia aproveitou a situação ainda de power play para reduzir de novo para 3-2 com um remate de meia distância e Giulio Cocco falhou também uma bola parada, após a décima falta dos encarnados.

O jogo entrou depois numa fase mais quezilenta e um momento que não passou ao lado da dupla de arbitragem, quando Di Benedetto acertou com o stick na cara de Valter Neves, que teve de sair a sangrar da cara mas que viu também cartão azul tal como o francês pelos protestos (38′). Ordoñez ainda ficou perto de aumentar de novo o avanço do Benfica mas Xavier Malián conseguiu travar o livre direto pela 15.ª falta do FC Porto, antes de Rafa, num grande trabalho individual na área, fazer o empate a cinco minutos do final.

Os visitados passavam para cima do jogo mas uma grande jogada de Edu Lamas provocou mais um azul na equipa da casa a Reinaldo Garcia, com Nicolia a acertar o livre direto no poste. O Benfica não conseguir aproveitar a situação de power play para marcar e seria o FC Porto a passar mesmo pela primeira vez para a frente, com Gonçalo Alves a “ganhar” a 15.ª falta num trabalho individual antes de converter o livre direto em 4-3 a pouco mais de um minuto do final. Jogo decidido? Longe disso: os encarnados beneficiaram de uma grande penalidade, Xavi Malián saiu duas vezes da baliza e viu cartão azul e teve de entrar em campo o suplente Tiago Rodrigues, que se tornou herói ao travar o penálti e a recarga de Nicolia já dentro do último minuto de jogo.