A deputada provincial luso-canadiana Teresa Armstrong alertou segunda-feira para a necessidade de prestadores de cuidados continuados no Ontário, Canadá, para fazer face a “uma população que está a envelhecer”.

“Sabemos que não temos pessoas suficientes a trabalhar na linha da frente dos cuidados continuados e quando gastamos dinheiro nesta área ou na própria saúde, queremos ter a certeza de que esse dinheiro vai para a linha da frente e que não seja lucrativo”, disse à agência Lusa Teresa Armstrong, de 54 anos.

Filha de emigrantes de São Miguel (Açores), a antiga Mediadora de Seguros, veio para o Canadá com seis anos, e cumpre o seu segundo mandato, após ter sido eleita pela primeira vez em 2011. “Esse investimento deve ser destinado para onde os cuidados devem estar, ou seja, é para os residentes desses centros e lares que deve ter prioridade”, realçou Teresa Armstrong.

A deputada provincial do NDP (esquerda), o partido de oposição ao governo conservador de Doug Ford (direita), é a responsável pela pasta dos Cuidados Domiciliários e Continuados. “Os cuidados domiciliares e continuados estão no pensamento diário das pessoas. A população está a envelhecer, e a comunidade portuguesa está preocupada com os seus pais que já são idosos, em como a qualidade dos cuidados será disponibilizado”, acrescentou.

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A luso-canadiana recorda ainda o caso de Elizabeth Wettlaufer, uma enfermeira condenada pela morte de oito idosos em vários lares, utilizando overdoses de insulina, a maioria em Woodstock e um caso em London, no sul do Ontário. A enfermeira foi apenas condenada porque em 2016 confessou ao terapeuta os crimes ocorridos.

A Comissária dos Inquéritos Públicos Eileen Gillese elaborou 91 recomendações num relatório público denominado por ‘Strained but not Broken’ (‘Tenso mas não partido’), divulgado este verão. As recomendações incluem uma melhor supervisão das enfermeiras registadas e uma maior consciencialização de homicídios em série ocorridos no sistema de saúde. “Foi uma situação horrível e que nunca mais deve acontecer. Precisamos desses trabalhadores na linha da frente, com a formação necessária, como sugere o relatório. Quando temos um bom ambiente, todos beneficiamos”, lamentou Teresa Armstrong

A deputada provincial eleita por London — Fanshawe (sul do Ontário) também enumerou alguns dos problemas que afetam a comunidade portuguesa que “são similares com os das outras etnias”. “Um dos maiores problemas é a habitação a preços acessíveis. Pessoas que vivem do seu rendimento, estão preocupadas com as contas mensais, quer da eletricidade, quer do custo da vida, dos seguros, do gás. Estão legitimamente no seu direito de estarem preocupados”, descreveu.

No final de abril deste ano, o Governo do Ontário notificou as Câmaras Municipais que alguns dos serviços financiados pela província seriam reduzidos, (como as unidades de saúde pública municipais, em alguns casos uma redução de 100% para 75%), o que “está a levar que as autarquias aumentem os impostos municipais”, contou a luso-canadiana. “A província retrocedeu o apoio aos municípios, por exemplo London está a ponderar um aumento de quatro por cento nos impostos municipais. É uma discussão que estamos a ter agora, porque o governo de Ford transferiu para os municípios tantos serviços e responsabilidade”, concluiu.

Calcula-se que existem em London, cerca de 15 mil portugueses e lusodescendentes.