Esperava-se que a “guerra” sem tréguas que a Mercedes e a Red Bull travam na Fórmula 1 (F1) se deslocasse para os hiperdesportivos de estrada, com os dois fabricantes a prometerem lançar, quase em simultâneo, modelos com mais de 1.000 cv, extremamente eficientes em matéria de comportamento e com preços de vários milhões a unidade. Porém, tudo indica que a Mercedes – marca que conquistou os últimos seis títulos de campeão do mundo de F1 e de forma consecutiva – não vai conseguir vencer esta luta a disputar em estrada.

Se a Red Bull, juntamente com a Aston Martin, prometeu o Valkyrie, que deverá começar a chegar aos clientes ainda em 2019, a Mercedes avançou em 2017 com o AMG One, que está equipado com um motor V6 híbrido e sobrealimentado, similar ao utilizado pelos seus carros de F1, exigindo cerca de 2,5 milhões de euros antes de impostos. O desportivo foi concebido para celebrar o domínio que a marca tem exercido na competição, mas não magoou em nada as contas da Mercedes o facto de as 275 unidades do One terem sido de imediato vendidas, o que permitiu um encaixe de 687 milhões de euros.

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Se a parte comercial correu bem, o problema surgiu a seguir. Nada teve a ver com o chassi, a suspensão, os travões ou a direcção. Teve exclusivamente a ver com o pequeno motor 1.6 com os seis cilindros dispostos em V que, soprado por um turbocompressor, deverá fornecer algo como 700 cv. Menos do que atinge na F1, mas ainda assim um valor respeitável, que a marca alemã depois puxaria até aos 1000 cv com o recurso a motores eléctricos, à semelhança do acontece na disciplina máxima do desporto automóvel.

O motor 1.6 V6 Turbo atinge a potência sem problemas, o difícil é convencê-lo a respeitar os limites das emissões nocivas, sobretudo porque se os motores normais têm um regime de ralenti por volta das 800 rpm e as unidades mais puxadas em torno das 1000 rpm, o motor de F1, mesmo depois de ser tão alterado quanto era possível (para não colocar em perigo os 700 cv de potência máxima) não consegue manter-se estável abaixo das 5.000 rpm. E a este regime, não há forma de evitar a emissão de poluentes. E muitos.

Foi isto que levou a Mercedes a avisar os clientes que, afinal, o AMG One só deveria aparecer em 2019. Mas agora, no Salão de Los Angeles, o construtor de Estugarda revelou à Road&Track que todos os clientes que já encomendaram e pagaram os 2,5 milhões vão ter de esperar até 2021. Segundo o responsável máximo pela AMG, Michael Knöller, o atraso deve-se a alguns problemas que ainda não conseguiram solucionar devidamente, a começar pelo tal ralenti muito elevado.

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