Um novo ataque de um grupo armado contra um camião de carga provocou dois feridos junto à N1, a principal estrada que liga o Sul e Norte de Moçambique, disseram esta terça-feira à Lusa testemunhas e autoridades.

Em declarações à Lusa, o líder da autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição) negou qualquer responsabilidade neste ataque.

O motorista e o ajudante do camião, que transportava ração para aves, foram alvejados quando a viatura foi alvo de uma emboscada na manhã desta terça-feira na Ponte Nova, a 400 metros da aldeia de Chibuto, cerca de 40 quilómetros a sul de Inchope, na província de Manica, centro de Moçambique.

“Os disparos foram frontais, pois as balas perfuraram o para-brisas e atingiram os ocupantes”, disse à Lusa Dinis Filipe, um morador da aldeia que presenciou o ataque, adiantando que prestou socorro às vítimas, que se refugiaram na aldeia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Um outro morador contou à Lusa que cerca das 6h horas (menos duas de Lisboa) foram ouvidos quatro tiros e mais tarde soube que foram contra um camião de carga, que ficou imobilizado no local do ataque.

“Depois do ataque, o motorista e o ajudante chegaram aqui sangrando no braço e na cara”, disse à Lusa José Combino, também residente da aldeia, acrescentando que as vítimas tinham abandonado a viatura no local do ataque.

“Cerca das 11h chegou um contingente da UIR [Unidade de Intervenção Rápida] que retirou a viatura do local do ataque para Inchope” , acrescentou José Combino.

Uma fonte hospitalar no Inchope confirmou à Lusa a entrada no centro de saúde local de duas pessoas por ferimentos de bala e estilhaços de vidro.

Contactado esta terça-feira pela Lusa, Mariano Nhongo, líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, negou a autoria do ataque, assegurando que o mesmo ocorreu numa zona distante daquela onde se encontra.

“O ataque ocorreu longe de onde eu estou”, limitou-se a dizer Mariano Nhongo, que contesta a liderança do principal partido de oposição e tem sido acusado pelas autoridades de ser o mandante dos ataques.

Este é o primeiro ataque depois de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ter anunciado há duas semanas na Gorongosa, centro do país, que ordenou às Forças de Defesa e Segurança para “perseguirem e capturarem os atacantes sem rosto” que têm protagonizado ataques contra alvos civis e militares desde agosto no centro de Moçambique.

Os ataques armados contra viaturas na Estrada Nacional Número 1, no centro de Moçambique, já provocaram pelo menos 10 mortos e as autoridades têm responsabilizado guerrilheiros da Renamo pelo que permanecem na zona, alguns dissidentes da organização, enquanto o principal partido da oposição nega o envolvimento.

O mesmo tipo de violência naquela região aconteceu em 2015, em período pós-eleitoral, quando Afonso Dhlakama (antigo líder da Renamo) rejeitou a vitória da Frelimo, mas negando o envolvimento nos confrontos.

Desta vez, o cenário é ainda mais complexo depois de, em junho, um número incerto de guerrilheiros da Renamo chefiados por Mariano Nhongo se terem revoltado contra o líder do partido, Ossufo Momade, ameaçando desestabilizar a região.

No entanto, em contactos pontuais com a Lusa e outros órgãos de comunicação social, Nhongo tem negado serem os seus homens os autores destes ataques.

Em agosto passado, a Renamo e o governo assinaram um acordo de paz.