Faltando as palavras, pelo menos as palavras que consigam expressar uma grandeza de feitos na sua plenitude, há sempre a fiabilidade dos números. E, no caso de Lionel Messi, cinco vezes vencedor da Bola de Ouro (a caminho da sexta, de acordo com a maioria da imprensa internacional), os números também falam – que mais não seja para dizer que não existem palavras. Numa altura conturbada na realidade futebolística do Barcelona, pela falta de rendimento de algumas das principais figuras, pelas muitas lesões que têm assolado o plantel e pelas exibições aquém das expetativas, o argentino cumpria o jogo 700 pelos blaugrana. E foi mais do mesmo.

Voltemos então aos números, à boleia de um trabalho do Mundo Deportivo: 700 jogos com a camisola dos catalães, 140 dos quais na Liga dos Campeões, com um total de 613 golos (e 250 assistências), número que sobe para 701 juntando os 86 ao serviço das seleções argentinas A, Sub-20 e olímpica. Em paralelo, um total de 78 equipas a quem marcou entre as 87 que defrontou, 155 guarda-redes batidos pelo menos uma vez e uma incrível média de mais de um golo por encontro em Camp Nou, onde jogou 343 partidas (305 como titular), marcou um total de 357 golos entre 30 hat-tricks (e 125 assistências) e ganhou 280 vezes (mais 45 empates e 17 derrotas).

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Do plano individual para o coletivo, uma vitória garantia ao Barcelona a passagem aos oitavos da Champions no primeiro lugar depois de uma fase menos conseguida com a derrota frente ao Levante, o empate sem golos na receção ao Slavia de Praga e duas vitórias com Celta de Vigo e Leganés que não foram propriamente convincentes – e que foram construídas tendo como base as bolas paradas, um sinal atípico dentro do ADN futebolístico da equipa. E a própria carreira na Liga dos Campeões serve de exemplo paradigmático para uma época de altos e baixos, com um nulo lisonjeiro em Dortmund, uma vitória na receção ao Inter conseguida na parte final ou o tropeço caseiro com os checos. Era também por isso que todos os olhos se centravam no número 10 e capitão.

Como sempre, o suspeito do costume não falhou. E voltou a ter uma exibição de Champions: Lionel Messi assistiu Luis Suárez (com quem chegou de sweat a beber mate a Camp Nou) para o primeiro golo (29′), marcou o segundo (33′) e ainda deu o terceiro a Griezmann (67′), numa exibição de mão cheia que nunca conseguiu ser contrariada pelo B. Dortmund, que reduziu por Jadon Sancho no último quarto de hora. E no meio do marca-dá a marcar, o argentino fixou mais um recorde, ultrapassando Ronaldo e Raúl como o jogador que marcou a mais equipas em jogos da Liga dos Campeões (34′). Próximo recorde? Chegar aos 756 jogos de Xavi no Barça. Mas, pelo meio, há mais registos que deverão cair à mesma velocidade com que o número 10 decide um encontro.