As críticas têm sido várias nos últimos meses: segundo os trabalhadores, a Google não é afinal o oásis empresarial que aparentava ser. A prova são os protestos que têm sido organizados pelos funcionários da multinacional.

Em causa têm estado polémicas como acusações de assédio sexual, a relação entre chefias e funcionários, as retaliações que a empresa fez aos trabalhadores que participaram nos protestos, o projeto secreto que a empresa estava a desenvolver para a China (um motor de busca com censura), entre outras.

Agora, a tensão entre a empresa e os funcionários parece ter subido de nível. Na segunda-feira, a Google despediu quatro trabalhadores por, alegadamente, violarem as políticas de segurança de dados. E desta vez a retaliação veio de um lado diferente: os restantes trabalhadores queixam-se de que a empresa está a tentar calar as suas críticas, conta a CNN.

A tecnológica enviou um email a toda a equipa com os motivos que conduziram aos despedimentos: as atitudes alegadamente condenáveis destes colaboradores prendiam-se com o facto de terem acedido aos calendários de outros colegas e partilhado informações sobre o seu paradeiro com pessoas fora da empresa. O email foi enviado em nome da equipa de segurança e investigações da Google.

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Uma das colaboradoras foi demitida depois de ter participado, na sexta-feira, num protesto à porta da sede da empresa em São Francisco. O objetivo era que a empresa recontratasse dois funcionários que foram colocados em licença administrativa, conta a CNN.

Depois do email, surgiram publicamente as reações dos outros trabalhadores. A engenheira de software Amr Gaber publicou um tweet no qual escrevia:

“A Google acabou de despedir quatro dos meus colegas por se atreverem a fazer a seguinte pergunta: ‘Está a Google a ajudar a separar famílias ou a deter crianças nas fronteiras? Depois de encontrarem informações abertamente acessíveis, avisaram os colegas sobre estas notícias terríficas. Sim. A Google está a trabalhar com a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA”, escreveu, ente outras afirmações. Exemplo: “A Google está a tentar silenciar-nos“.

Outros trabalhadores dizem que estes despedimentos são uma forma de a empresa tentar intimidá-los: “Com estas demissões, a Google está a aumentar a sua retaliação ilegal contra trabalhadores”, escreveram num comunicado citado pela CNN. À mesma publicação, um porta-voz da empresa disse que os trabalhadores foram despedidos por acederem a informação que era restrita, segundo uma política que foi mudada recentemente na empresa. Os trabalhadores queixam-se, contudo, de que esta política é “ambígua”.

As condições de trabalho que a Google oferece aos seus funcionários têm sido sinónimo de independência da força de trabalho, com a empresa a permitir que os trabalhadores aloquem 20% do seu tempo de trabalho semanal a projetos paralelos. Mas os ânimos parecem estar a mudar.