O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, defendeu esta quarta-feira que o comboio deve ir “ao centro da cidade”, e que os carros elétricos não resolvem a “falta de espaço” nos centros urbanos.

“Quem quer resolver o problema ambiental fala em automóveis elétricos e automóveis movidos a hidrogénio. Há um problema que esses automóveis nunca resolverão (…). Há outro problema, que é a falta de espaço nos nossos grandes centros urbanos”, disse o ministro.

Pedro Nuno Santos falava na abertura dos PFP Days 2019, um evento organizado pela PFP — Associação da Plataforma Ferroviária Portuguesa, que decorre quarta e quinta-feira na sede da Infraestruturas de Portugal, em Almada, distrito de Setúbal. “Só vamos conseguir combater a falta de espaço se as pessoas chegarem à cidade de comboio. Ao centro da cidade”, defendeu o governante.

O responsável pela tutela da ferrovia criticou ainda quem “ache que o comboio pesado tem de ficar à porta da cidade, sem perceber que a melhor forma de nós construirmos mobilidade em Portugal é o comboio pesado ir ao centro da cidade, como nos países onde a mobilidade serve bem as suas populações”. “Não é ficar à porta. Não há nenhum meio de transporte, nem metro nem ferrovia ligeira, que consiga fazer frente ao comboio pesado”, prosseguiu.

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Pedro Nuno Santos referiu ainda que “também do ponto de vista ambiental não há nenhum meio de transporte que bata este [o comboio]”. “Uma comunidade vive em comunidade e vive o transporte coletivo. Do ponto de vista da forma como nos organizamos, como nós nos relacionamos, como nós trabalhamos e vivemos em conjunto, o transporte coletivo é imbatível”, defendeu.

O ministro acrescentou ainda que também dos pontos de vista “macroeconómico, ambiental”, da “vida em comunidade, da segurança, do custo”, não há “nenhum” meio melhor que o comboio. Pedro Nuno Santos disse que “custa a acreditar” que um país “totalmente dependente da importação de combustíveis fósseis” só “há pouco tempo” tenha acordado para a importância da ferrovia. “Seria de esperar que o país, mais cedo, tivesse iniciado a transição energética”, acrescentou, dizendo que hoje se paga esse atraso.

O ministro reconheceu ainda que o setor tem “problemas muito grandes para resolver, graves, difíceis”, cuja solução “não vai lá com mentira nem com engano”, mas sim com “transparência”. “Custa-me, enquanto governante, ver todos os dias o povo português que circula, nomeadamente na área metropolitana de Lisboa, na linha de Sintra e Cascais, e noutras linhas suburbanas , com as dificuldades que têm para chegar a Lisboa, com comboios cheios, as pessoas a empurrarem-se, a sentir-se mal”, afirmou.

Pedro Nuno Santos referiu ainda que a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) faz “magia” ao manter “comboios de 50 anos, da mesma década que uma capital que nós conhecemos [referência a Havana, Cuba]” em funcionamento.