Uma auditoria às contas da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa (AAFDL), relativa às contas de 2014 a 2019, revelou a falta de documentos que comprovem gastos de mais de 100 mil euros. Os antigos presidentes e tesoureiros da associação terão agora de explicar os gastos.

Ao Observador, fonte da direção da AAFDL adiantou que esta “tomou posse em maio deste ano”, dissociando-se das “acusações de gastos superiores a 100 mil euros sem documentos justificativos”.

“Os 94 mil euros em pagamentos sem faturas e o levantamento de 15 mil euros em numerário referem-se aos mandatos entre 1 de maio de 2014 a 30 de abril de 2019, não incluindo, portanto, a atual direção”, é ainda referido na resposta dada ao Observador.

Filipe Gomes, atual presidente da AAFDL, afirmou ainda, num comunicado divulgado esta quinta-feira, que “a Direção em funções reitera a relevância da auditoria em curso, uma vez que esta foi requerida precisamente com o intuito de identificar e otimizar os mecanismos adotados até ao momento”, acrescentando que “a falta de suporte documental, quer para pagamentos efetuados, quer para levantamentos em numerário, não significam, obrigatoriamente, que o dinheiro não tenha sido aplicado em atividades de cariz associativo”, afirma Filipe Gomes. “É isso que tem de ser avaliado com todo o rigor”. Segundo o Correio da Manhã, a AAFDL justificou 15 mil euros como tendo sido “um adiantamento” relativo a um contrato com uma empresa de cervejas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O relatório de auditoria às contas correspondentes ao período entre 1 de maio de 2014 e 30 de abril de 2019, que foi realizado pela Grant Thornton, coloca ainda em causa gastos de aluguer de automóveis, plataformas eletrónicas de transportes, filmes e séries de televisão e despesas no estrangeiro.

Segundo o mesmo relatório, citado pelo Correio da Manhã, as despesas sem documentos foram uma tendência crescente a partir de 2014, ano em que os pagamentos sem fatura se fixavam nos 11.230 euros, sendo que uma grande irregularidade foi registada em 26 de setembro de 2018, quando foi feito um levantamento de 15 mil euros em numerário, não sendo conhecida qualquer evidência sobre quem levantou o dinheiro. “A documentação de suporte a este lançamento contabilístico corresponde ao talão de levantamento de numerário”, lê-se no relatório.

O Conselho Fiscal da AAFDL reagiu à “drástica evolução”, afirmando, através de um parecer, que “procurou averiguar a razão de ser deste levantamento” de “valor incompreensível, devendo o mesmo ser explicado pelos responsáveis”.

O relatório da auditoria em curso, segundo a atual direção, ainda não está concluído, decorrendo neste momento a fase de contraditório, tendo sido já realizada uma Reunião Geral de Alunos na terça-feira, na qual estiveram presentes os anteriores dirigentes visados, onde foi apresentada a versão preliminar do documento.

“Temos em nossa posse os documentos com os gastos não devidamente identificados deixados pelas anteriores direções, que estamos totalmente disponíveis para mostrar a quem estiver interessado”, afirmou Filipe Gomes no comunicado, garantindo que da parte da nova direção “os procedimentos a implementar, identificados pela auditoria, estão a ser corrigidos”.