A TAP estima que a perda de receita associada às obras no aeroporto de Lisboa no primeiro semestre de 2020 se situe em 12 milhões de euros e antevê a possibilidade de constrangimentos, como cancelamentos ou atrasos de voos.

Em 19 de novembro, a ANA — Aeroportos de Portugal anunciou que em janeiro começam obras para a criação de duas saídas rápidas de pista no Aeroporto Humberto Delgado, o que implica o encerramento da infraestrutura entre as 23h30 e as 5h30 até junho.

“A TAP estima que a perda de receita associada ao período de obras no aeroporto se situe em, pelo menos, 12 milhões de euros, fruto da redução ou eliminação dos voos vendidos com ligação em Lisboa e redução do número de passageiros que voam com a TAP, no âmbito do seu modelo de operação como companhia de hub baseado no Aeroporto Humberto Delgado“, disse o Chief Operating Officer (COO) da TAP, Ramiro Sequeira, à Lusa.

O responsável da TAP disse à Lusa que o calendário e período de obras recentemente anunciados foram coordenados entre as várias entidades e as companhias aéreas e que em resultado disso “já não foram atribuídas faixas horárias para operação durante o período previsto de fecho da pista: 23h30 às 5h30, horas locais, em todas as noites de domingo a quinta-feira, entre os dias 6 de janeiro e 30 de junho.

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Com isto, a TAP “não pôde programar nenhum voo para operar dentro desse horário, tendo já procedido à reorganização da sua rede, de forma a acomodar da melhor forma possível essa alteração e reduzir, ainda que não eliminando totalmente, o impacto financeiro que a mesma acarreta para a companhia aérea”, afirmou Ramiro Sequeira.

A companhia aérea de bandeira lembra, contudo, que concorda com a necessidade de obras no aeroporto em Lisboa, apesar de nestas especificamente ter “reservas sobre a solução técnica” das duas saídas rápidas de pista que vão ser construídas — obra que garante que a ANA lhes disse ser uma primeira fase —, pois dadas questões técnicas, como a configuração dos seus aviões, por exemplo, “dificilmente irá usar a saída rápida da pista mais utilizada” deste aeroporto, a pista 3.

“Concordamos que tem que haver obra, tem é que haver a obra certa”, referiu.

“O nosso ponto é: se há essa perda de receita, se vamos fazer este esforço e no próximo verão de 2020 temos a saída rápida que a TAP precisa e que o país precisa, está tudo ‘ok’. A questão é: vai haver a obra, vai haver a reposição de horários, vai haver uma falta de receita de 12 milhões para algo que depois em 2020 não vai ter utilidade. Não vai trazer benefícios nem para a TAP e há de trazer, talvez, para algumas companhias, mas a ver vamos”, disse.

A TAP “propôs, aos vários stakeholders, que fosse reduzida a duração do fecho noturno do aeroporto (aliviando assim as perdas por parte dos operadores), ao mesmo tempo que se dilataria o prazo de conclusão das obras, de forma a também permitir a execução da segunda fase [das obras], já reconhecida pela ANA como necessária para a obtenção de maior eficiência nas operações de aterragem e descolagem no Aeroporto de Lisboa”, mas “essa proposta não obteve aceitação” pela gestora dos aeroportos nacionais, disse Ramiro Sequeira.

Assim, o COO da TAP sublinha ser “fundamental ter em conta que não foram aferidos os potenciais custos, tanto para as diversas companhias aéreas em geral e TAP em particular, como para o país e economia nacional, gerados pela disrupção não planeada durante este mesmo período de obras”.

O ponto para a TAP é que não é possível quantificar ainda, mas ter-se-á que ter em conta, atrasos decorrentes de motivos meteorológicos, constrangimentos de controlo de tráfego aéreo ou outras influências externas aos operadores durante o período de obra.

“É possível antecipar que se venham a ajustar voos diariamente, sempre que um atraso impossibilite a aterragem ou descolagem de um voo antes do fecho do aeroporto para as obras, provocando cancelamentos ou redirecionando os voos para outros aeroportos que não Lisboa. Infelizmente, protelar o início diário das obras na pista impacta também negativamente a sua data de término, pelo que o efeito bola de neve provocado por esses atrasos poderá, apesar de todos os esforços em contrário das companhias aéreas, ser sentido pelos seus passageiros e público em geral”, explica Ramiro Sequeira.

“É um problema que não está quantificado, nem nos 12 milhões, nem temos essa capacidade de adivinhar”, sublinha.

Ainda assim, e valorizando “as boas relações e coordenação” que existe com a empresa gestora dos aeroportos nacionais, bem como com a NAV, o COO da TAP afirma que “há uma proposta em cima da mesa, ainda não fechada, de montar uma equipa para que todos os dias companhias aéreas, ANA e NAV possam analisar a situação e eventualmente fazerem esforços pontuais” que permitam suprimir alguns constrangimentos.