Existe um dado, na análise da derrota do Sporting em Barcelos, que justifica quase em toda a linha o desaire leonino: pela primeira vez desde a temporada passada, Bruno Fernandes não fez um único remate à baliza adversária. O capitão leonino, o jogador que esteve presente em mais de 100 golos da equipa desde que regressou a Portugal vindo de Itália, assistiu Wendel para o único golo leonino em Barcelos mas não rematou uma única vez.

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E não foi o único. O Sporting não fez um único remate na segunda parte do jogo contra o Gil Vicente e só rematou nos últimos minutos da primeira, já bem perto dos descontos, altura em que Wendel conseguiu empatar. Por muito que a falta de oportunidades leoninas seja também mérito da equipa de Vítor Oliveira, que esteve sempre bem organizada defensivamente e nunca se desconcentrou ao longo dos 90 minutos, a verdade é que o conjunto de Silas não soube romper os setores adversários e causar desequilíbrios. E no final da partida, depois de estar um jogo inteiro sem rematar, Bruno Fernandes não poupou as palavras para ele próprio, para os colegas e para toda a equipa.

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“Faltou personalidade e faltou atitude. Não estivemos no jogo. Deixámos que o Gil Vicente fosse sempre mais agressivo do que nós e conseguiram chegar primeiro às segundas bolas, às primeiras, criando mesmo mais oportunidades do que nós, o que é impensável. O problema da equipa foi começar a segunda parte como começou a primeira, sem agressividade, sem intensidade, deixando que o Gil chegasse primeiro à bola, fazendo com que o nosso jogo se tornasse mais difícil. Agora é fazer a análise do jogo, que foi mau, e pensar já no próximo”, disse o capitão leonino na flash interview.

Já na conferência de imprensa, Silas não escondeu a insatisfação com os erros cometidos por Tiago Ilori, no primeiro golo, e pelos centrais e Acuña, no segundo, e garantiu que o Sporting tem de encontrar uma estabilidade emocional que ainda não tem. “O primeiro golo é uma oferta nossa que não pode acontecer a este nível, estamos a jogar na Primeira Liga e com ofertas destas os adversários fazem golo. Acabam por ser dois erros que nos penalizam muito. Depois já se sentiu muita instabilidade emocional. Custa-nos muito reagir à adversidade e cada vez que estamos em situação de desvantagem custa-nos bastante. Mas não podemos ser equipa só quando estamos a ganhar. Assim é fácil ser equipa e jogador. Não jogamos sozinhos, jogamos contra boas equipas. Não podemos ter esta instabilidade emocional depois de estarmos em desvantagem”, disse o treinador leonino, que ainda ressalvou a necessidade de reforços, por considerar a equipa “muito jovem”.

“Não sei por que lugar é que vamos lutar, mas o primeiro começa a ficar difícil, temos 13 pontos de atraso para o primeiro classificado [Benfica]. Não dependemos só de nós e quando assim é, é mais difícil. Faltam muitas jornadas, nós vamos perder pontos, eles vão perder pontos… A situação já era complicada, vamos jogo a jogo e ver se conseguimos criar estabilidade emocional na equipa. Se formos estáveis emocionalmente, dificilmente somos batidos. Digo isto aqui e na Europa. Não podemos perder essa estabilidade emocional. Podemos ser uma equipa de topo, como fomos na quinta-feira [contra o PSV]. Até podíamos ter perdido, mas se fossemos mais equipa durante os 90 minutos, o jogo poderia ter sido outro”, acrescentou Silas.