Pelo menos na pole position, tinha acabado como começou: com o campeão Lewis Hamilton a conseguir o melhor tempo, com os Mercedes a dominarem a concorrência. À primeira vista, o Grande Prémio de Abu Dhabi, a 21.ª e última prova da temporada, tinha como únicos motivos de interesse perceber se Charles Leclerc ainda conseguiria ultrapassar Max Verstappen no terceiro lugar do Mundial (muito difícil) e se Sebastian Vettel ainda conseguiria ultrapassar Charles Leclerc como melhor piloto da Ferrari (muito, muito difícil). Mas há sempre outros objetivos menos percetíveis à primeira vista e um deles estava relacionado com o britânico.

O homem Hamilton mudou, o campeão Hamilton continua na mesma: britânico é hexacampeão mundial

À exceção do título conseguido na McLaren em 2008, quando o vencedor da corrida somava ainda dez pontos, Hamilton foi demonstrando uma regularidade tipicamente britânica nos títulos mundiais que foi acumulando: 384 pontos com 11 vitórias em 2014, 381 pontos com dez vitórias em 2015, 363 pontos com nove vitórias em 2017, 408 pontos com 11 vitórias em 2018. Agora, em caso de triunfo em Abu Dhabi, o piloto da Mercedes podia alcançar de novo o número de 11 vitórias mas superar o recorde máximo de pontos, estabelecendo mais uma marca histórica numa carreira onde está a partir de agora a apenas um campeonato do recorde de Michael Schumacher.

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Foi isso que acabou por acontecer, numa corrida onde a penalização a Valtteri Bottas (que tinha o segundo melhor tempo na qualificação) acabou por abrir ainda mais as portas para o “passeio” de Hamilton até ao melhor fecho possível de uma temporada histórica a todos os níveis e onde conseguiu o sexto título mundial com o tal recorde de pontos de 413, somando aos 25 do triunfo mais um da volta mais rápida. Talvez por isso, na altura em que houve o habitual fogo de artifício de uma corrida que terminou com Max Vertsappen (Red Bull) e Charles Leclerc (Ferrari) no pódio, foi de 2020 e da ligação entre o britânico e a Ferrari que mais se falou.

Lewis Hamilton. Dormia num sofá-cama em miúdo e aprendeu karaté porque sofria bullying na escola. Hoje, é pentacampeão de Fórmula 1

Como explica a BBC, grande parte dos pilotos de topo terminam contrato no próximo ano, entre os quais Lewis Hamilton, o que promete animar ainda mais o mercado de transferências. O britânico nunca revelou particular vontade em sair da Mercedes mas a Ferrari tem andado em operações de charme para tentar convencer o campeão a mudar de equipa. Aliás, de acordo com a Gazzetta dello Sport, Hamilton já se terá encontrado duas vezes este ano com o patrão da Ferrari, John Elkann, naquilo que é descrito apenas como “colocar a conversa em dia”. “É um piloto fabuloso, um fantástico piloto. Sabendo que pode estar disponível em 2021 pode deixar-nos felizes mas é demasiado cedo para qualquer decisão”, disse este fim de semana o líder da equipa, Mattia Binotto.

Em declarações reproduzidas pelo Eurosport, Toto Wolff, chefe da Mercedes, mostrou-se à vontade com essas abordagens. “Estou totalmente ok com isso. Acho que estamos num mundo livre e reconheço que toda a gente tem necessidade de explorar as opções da sua carreira para tomarem as melhores decisões. Os pilotos devem também estar incluídos nisso”, comentou. No entanto, o ambiente depois da notícia não se tornou o melhor e a última certeza da época de 2019 é mesmo que a próxima de 2020 terá ainda mais para contar.

Antes dessa hipotética saída, que também poderá ser apenas fumo sem fogo, Lewis Hamilton, que ganhou pela quinta vez em 11 provas realizadas em Abu Dhabi, terá em 2020 a oportunidade de igualar dois dos registos mais marcantes na história da Fórmula 1, ambos pertença de Michael Schumacher: os sete títulos mundiais e também as 91 vitórias em corridas, numa altura em que o britânico somou já 84 e está a sete desse recorde.