789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Ilori, o espelho de uma equipa que não encontra a saída do carrossel (a crónica do Gil Vicente-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

O Sporting sofreu o primeiro golo depois de um erro de Ilori, sofreu o segundo de penálti e o terceiro numa fase de desnorte. E perdeu com o Gil Vicente após três vitórias seguidas (3-1).

O segundo golo do Gil Vicente foi marcado de grande penalidade
i

O segundo golo do Gil Vicente foi marcado de grande penalidade

EPA

O segundo golo do Gil Vicente foi marcado de grande penalidade

EPA

Desde que Silas chegou ao comando técnico do Sporting, no final de setembro, a equipa atravessou dois ciclos curtos mas em tudo semelhantes. Logo depois de chegar, o treinador venceu os dois primeiros jogos e encerrou um mês longo e terrível em que os leões somaram quatro derrotas e um empate em cinco partidas. Seguiu-se a derrocada em Alverca e a eliminação da Taça de Portugal. Depois, três vitórias seguidas a uma aparente nova retoma. No início de novembro, derrota em Tondela.

De lá para cá, o Sporting levava três vitórias: uma na Noruega perante o Rosenborg, outra em casa com o Belenenses SAD e uma goleada em Alvalade, com o PSV com que tinha perdido na Holanda e que valeu o apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa. Ora, por muito que os quatro golos contra nenhum sofrido que os adeptos testemunharam a meio da semana contra os holandeses tenham motivado uma equipa que à entrada para a 12.ª jornada sabia que sairia dela como entrou — em quarto lugar –, a verdade é que o ciclo atual tinha demasiadas semelhanças com os dois anteriores.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Gil Vicente-Sporting, 3-1

12.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Gil Vicente: Denis, Fernando Fonseca, Ygor, Rúben Fernandes, Henrique Gomes, Claude Gonçalves, Soares, Kraev, Baraye (João Afonso, 86′), Sandro Lima (Naidji, 73′), Arthur Henrique (Lourency, 45′)

Suplentes não utilizados: Wellington, Romário, Leonardo, Edwin Vente

Treinador: Vítor Oliveira

Sporting: Luís Maximiano, Rosier, Ilori (Eduardo, 83′), Mathieu, Acuña, Doumbia, Wendel (Bolasie, 68′), Bruno Fernandes, Jesé (Rafael Camacho, 76′), Luiz Phellype, Vietto

Suplentes não utilizados:Diogo Sousa, Luís Neto, Borja, Miguel Luís

Treinador: Silas

Golos: Kraev (18′), Wendel (45+4′), Sandro Lima (gp, 55′), Naidji (90+9′)

Ação disciplinar: cartão amarelo para Fernando Fonseca (16′), Doumbia (24′), Kraev (31′), Acuña (53′), Lourency (59′), Claude Gonçalves (80′)

E o jogo deste domingo, em Barcelos, parecia incluir todas as premissas necessárias para colocar um terceiro travão ao trabalho desenvolvido por Silas. O Gil Vicente, que ganhou ao FC Porto na primeira jornada, entrava para este fim de semana ainda sem derrotas em casa para a Primeira Liga e depois de duas vitórias seguidas para o Campeonato, contra o Marítimo e o Desp. Aves. E o discurso do treinador Vítor Oliveira, que recordou que o Sporting “não era tão mau como se dizia há quatro semanas mas nem agora está tão bom como querem fazer parecer”, deixava claro que o Gil Vicente tinha um objetivo real e palpável para a partida deste domingo: atrapalhar, a palavra que Vítor Oliveira usou na antevisão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As semelhanças da fase atual do Sporting com as duas que o antecederam, porém, tinham uma diferença que anulava a capacidade de fazer previsões. Nos últimos três jogos, além de ter vencido, o Sporting não sofreu qualquer golo: um dado que não é só uma novidade na equipa leonina esta temporada como também nos últimos dois anos, período temporal em que os leões não alcançaram uma série de três jogos sem qualquer golo sofrido. E era por aí, e através da manutenção dessa estatística positiva, que Silas ia tentar quebrar o estigma da derrota depois de várias vitórias consecutivas.

Mesmo com Renan apto, como confirmou na conferência de imprensa de antevisão, e já a integrar a primeira lista de convocados, Silas deixou o guarda-redes brasileiro de fora dos 18 e manteve Luís Maximiano na baliza dos leões. Face à equipa que goleou o PSV em Alvalade, o técnico só fez uma alteração: Jesé entrava para o onze inicial, para o lugar de Bolasie, e fazia companhia a Vietto e Luiz Phellype na frente de ataque leonina. Coates ainda é baixa por lesão e era novamente rendido por Ilori ao lado de Mathieu e Wendel, que voltou de castigo interno contra os holandeses, era outra vez titular no meio-campo em conjunto com Bruno Fernandes e Doumbia. Naquele que era o primeiro de dois jogos no espaço de uma semana contra o Gil Vicente — as duas equipas voltam a encontrar-se na quarta-feira, para a Taça da Liga, e os leões vão ficar em estágio no Minho durante os próximos dias –, o Sporting foi surpreendido por uma pressão alta e quase individualizada por parte dos gilistas nos minutos iniciais e foi obrigado a lateralizar para conseguir avançar.

O modelo de jogo montado por Vítor Oliveira para a receção ao Sporting fazia-se principalmente a partir de um jogador, Kraev, que ao invés de atuar na frente de ataque ao lado de Sandro Lima estava mais recuado. O avançado búlgaro ajudava a manter a superioridade numérica do Gil Vicente no setor intermédio e era um dos elementos que aplicava uma pressão quase homem a homem, de forma a estagnar todas as investidas leoninas pela faixa central. Ainda assim, era Kraev quem aparecia de forma mais frequente no corredor direito, a apoiar Sandro Lima e a testar Acuña, que subia muitas vezes e era obrigado a recuar para dobrar o búlgaro. Assim, e até ao inaugurar do marcador, o Sporting não conseguia chegar com perigo e com a bola controlada à grande área de Denis, apesar da maior percentagem de posse, e tinha dificuldades em criar situações de golo.

A equipa de Vítor Oliveira, que durante toda a primeira parte teve mais remates do que os leões apesar de entregar a iniciativa ao adversário, acabou por chegar à vantagem aproveitando um erro de Tiago Ilori. O central português dobrou Sandro Lima no corredor lateral, para apoiar Rosier, mas acabou por perder a bola para o avançado; depois de entrar na grande área e aguentar a pressão dos defesas leoninos, Lima entregou a Kraev, que marcou à saída de Maximiano (18′). Apesar da desvantagem — e de ter sofrido um golo depois de três jogos de folha limpa –, o Sporting soube reagir e até melhorou, tornando a posse de bola mais assertiva e obrigando o Gil a juntar mais os setores. A dificuldade em colocar bolas verticais que rompessem com a organização defensiva dos gilistas mantinha-se, contudo, e o primeiro remate dos leões só apareceu já nos instantes finais da primeira parte, por intermédio de Wendel (43′).

Foi o próprio Wendel, que a par do inevitável Bruno Fernandes foi o mais inconformado ao longo da primeira parte, que acabou por marcar o golo do empate. Já durante o quarto minuto de descontos antes do intervalo, o médio brasileiro aproveitou um passe longo de Bruno Fernandes e rematou de primeira, rasteiro e na diagonal (45+4′). Denis, que parecia ter segurado a bola para depois a largar e permitir o golo, parece ter tido responsabilidades. O Sporting ia para o intervalo empatado — com Wendel a ter um timing perfeito para motivar a equipa — mas precisava de encontrar mecanismos para quebrar os setores do Gil Vicente e alimentar Vietto, Luiz Phellype e Jesé, todos muito escondidos na defesa adversária e longe dos espaços por onde andava a bola.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Gil Vicente-Sporting:]

Na segunda parte, Vítor Oliveira trocou Arthur Henrique, um dos jogadores do Gil Vicente mais apagados durante a primeira parte, por Lourency, de forma a dar à equipa critério e discernimento na hora das transições rápidas. Silas não mexeu mas o Sporting entrou aparentemente mais móvel, com Vietto a balançar entre um corredor e outro para oferecer linhas de passe aos dois laterais e tentar arrastar defesas para soltar Luiz Phellype e Jesé. Contudo, e quando ainda não estavam cumpridos dez minutos da primeira parte, Acuña fez falta sobre Baraye dentro da grande área e Sandro Lima converteu a grande penalidade, repondo a vantagem do Gil Vicente (55′).

Novamente em desvantagem e contra uma equipa que estava cada vez mais compacta e recuada, a avançar apenas em contra-ataque e em velocidade, o Sporting continuava a rendilhar demasiado jogo, sem espaço nem abertas para conseguir chegar perto da baliza de Denis. Luiz Phellype estava muito isolado na zona central do ataque, Jesé continuava em claro subrendimento e Wendel quebrou da primeira para a segunda parte, entregando a Vietto e a Bruno Fernandes a principal responsabilidade de desequilibrar.

Silas respondeu à parca reação do Sporting à desvantagem — que tinha como único fator positivo o facto de nunca ter sido descontrolada, ao contrário do que aconteceu várias vezes no início da temporada — com uma alteração técnica que foi também tática. Bolasie entrou para o lugar de Wendel e passou a ocupar o espaço que havia sido de Jesé até àquele momento, na faixa direita, enquanto que o jogador espanhol passou a atuar ao lado de Luiz Phellype numa fase mais adiantada.

Com o Gil Vicente totalmente recuado e a gerir a vantagem, Silas procurou asfixiar o adversário com as entradas de Rafael Camacho e Eduardo, para colocar mais elementos junto de Luiz Phellype e balançar por completo a equipa para a frente. Mesmo com superioridade numérica no setor mais recuado do Gil Vicente, o Sporting só conseguiu fazer tudo aquilo que fez ao longo da partida: ter posse de bola, rendilhar, procurar e ficar longe da baliza. Faltou remate, atrevimento e desequilíbrio aos leões — e ao nono (!) minuto para lá dos 90′, já depois de um período de indecisão em que Hugo Miguel chegou a expulsar Doumbia depois de analisar as imagens do VAR mas voltou atrás quando alertado para o facto de o vídeo-árbitro não poder interferir nos cartões, Naidji ainda aumentou a vantagem da equipa de Vítor Oliveira (90+9′).

Depois de três jogos a ganhar sem sofrer qualquer golo, o Sporting voltou às derrotas e falhou a aproximação ao pódio da Primeira Liga. O Gil Vicente de Vítor Oliveira, depois de vencer o FC Porto na primeira jornada, bateu o Sporting e voltou a mostrar que é uma equipa que sabe organizar-se defensivamente para causar estragos no ataque. Já o conjunto de Silas, na imagem do erro de Tiago Ilori no primeiro golo — e numa altura em que as duas equipas ainda se estudavam e tudo estava em aberto –, voltou a repetir o ciclo que já viveu duas vezes num passado recente e parece não conseguir encontrar a saída do carrossel.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora