O Conselho da Europa voltou esta terça-feira a exigir a evacuação urgente do campo de refugiados de Vucjak, no noroeste da Bósnia-Herzegovina, alertando que as centenas de pessoas que vivem no local em situação precária podem morrer devido ao frio.

A exigência do Conselho da Europa foi feita por representantes deste órgão durante uma visita a este campo de refugiados, localizado junto à fronteira com a Croácia e que atualmente não tem água potável ou eletricidade.

O apelo foi igualmente subscrito por representantes da Cruz Vermelha que também se deslocaram ao local.

“Vucjak devia ser fechado esta terça-feira. Se isso não for feito, as pessoas vão começar a morrer”, afirmou a comissária do Conselho da Europa para a área dos Direitos Humanos, Dunja Mijatovic, durante a visita ao campo, já classificado pelas Nações Unidas como “desumano” e onde estão atualmente cerca de 600 pessoas.

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Segundo Dunja Mijatovic, muitas das pessoas que vivem em Vucjak começaram a rejeitar alimentos como forma de protesto contra as condições precárias do campo, mas, segundo frisou a representante, a situação poderá ficar cada vez pior por causa das baixas temperaturas que se fazem sentir naquela região.

Por exemplo, nos últimos dois dias, o peso da neve derrubou várias das tendas precárias que servem de abrigo aos refugiados.

A zona exterior do campo também está transformada num lamaçal por causa da mistura da terra com a água gelada.

A Organização Internacional das Migrações (OIM) já tinha alertado, em finais de outubro, que muitas das pessoas que vivem em Vucjak poderiam morrer de frio e de fome durante o período do inverno.

O campo de Vucjak foi erguido de forma provisória num antigo aterro de lixo e perto de terrenos minados.

Selam Midzic, representante da Cruz Vermelha na cidade bósnia de Bihac, descreveu, por sua vez, a situação no campo como “horrível”.

“Estas pessoas não deviam passar aqui a noite. (…) Não sei se o campo será fechado esta terça-feira, mas a situação é muito difícil”, prosseguiu.

O representante da Cruz Vermelha, que lembrou que já tinha pedido o encerramento do campo antes da chegada do inverno, acrescentou ainda: “O boicote à comida dura desde a manhã, protestam contra as difíceis condições em que estão alojados. Estão a rejeitar os alimentos e o campo deve ser fechado”.

A par do Conselho da Europa e da Cruz Vermelha, também a União Europeia (UE) e as Nações Unidas têm pedido em diversas ocasiões o encerramento do campo de Vucjak.

As autoridades do cantão Unsko-Sanski, a zona mais afetada pela crise migratória na Bósnia-Herzegovina, reclamam desde outubro último junto do Governo central bósnio uma urgente recolocação dos refugiados de Vucjak.

No passado dia 8 de novembro, as autoridades bósnias garantiram estar já a trabalhar para o encerramento do campo de Vucjak e para a transferência das pessoas que ainda permanecem no local, mas não avançaram prazos concretos ou pormenores sobre as futuras instalações.

“Estamos a trabalhar para estabelecer outros centros de acolhimento fora do cantão Unsko-Sanski. É nossa prioridade encerrar assim que possível o campo de Vucjak e transferir os imigrantes para os novos campos”, disse então o ministro da Segurança bósnio, Dragan Mektic.

Mais de 43 mil migrantes, oriundos sobretudo do Médio Oriente, passaram no último ano por esta zona da Bósnia-Herzegovina, próxima da Croácia e uma potencial porta para conseguir entrar no espaço da UE.

Segundo os media bósnios, a comissária do Conselho da Europa Dunja Mijatovic irá visitar também os campos de Bira e Miral, no mesmo cantão, e de Usivak, nas imediações da capital bósnia, Sarajevo, e fará um balanço das visitas e dos encontros institucionais na próxima sexta-feira.

O Conselho da Europa foi criado em 1949 para defender os Direitos Humanos, a Democracia e o Estado de Direito.