A ativista sueca Greta Thunberg já partiu no comboio que a levará de Lisboa a Madrid para assistir à Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas. A viagem começou às 21h25 de quinta-feira e chega a Madrid às 08h40 de sexta-feira. No mesmo comboio seguem também ativistas portugueses, apoiantes de Greta Thunberg. A jovem está acompanhada pelo pai, o ator Svante Thunberg, que tem estado com ela nas missões de consciencialização para o problema das alterações climáticas.

Greta Thunberg tinha chegado a Lisboa na terça-feira a bordo de um veleiro de dois youtubers australianos, Riley Whitelum e Elayna Carausu. Quando chegou, confirmou que ficaria “uns dias” na capital portuguesa para descansar. Dois dias depois da entrada na Europa vinda dos Estados Unidos, numa viagem de travessia do Atlântico que durou 21 dias, segue agora para o palco da conferência sobre o clima, onde quase 200 países e milhares de líderes mundiais vão debater medidas para protecção do ambiente.

A ativista sueca é uma das oradoras mais esperadas na 25ª edição deste evento, considerada a mais importante desde o Acordo de Paris, assinado em 2015. Quem assinou esse acordo comprometeu-se a tomar medidas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera; e assim limitar o aquecimento global abaixo dos 2ºC.  Na altura, cada país determinou um conjunto de medidas que ia tomar para contribuir para esse acordo e comprometeu-se a revê-las de cinco em cinco anos. Estamos à porta de 2020, ano em que essas novas medidas terão de ser apresentados, por isso esta conferência será um encontro de balanços.

Também se espera um debate sobre os aspetos técnicos do Acordo de Paris, sobretudo relacionado com o Artigo 6, que diz respeito à forma como as emissões de carbono são contabilizadas no âmbito do comércio internacional. Desde 1997 que se pensou num esquema que permitia aos países desenvolvidos comprar créditos de carbono desde que financiassem projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento.

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Mas esse era um esquema fácil de contornar. E mesmo que não fosse desvirtuado, a crise económica fez colapsar o mercado. Por isso, espera-se retomar a discussão em torno do Artigo 6, que pode ajudar a reerguer os mercados de carbono.

Além disso, desta cimeira deve sair também a data em que cada países deve apresentar os planos atualizados para diminuição das emissões de dióxido de carbono. Espera-se que a China se comprometa com planos mais arrojados para cumprir o Acordo de Paris. Há uma grande expetativa sobre qual vai ser o papel dos Estados Unidos agora que Donald Trump anunciou que o país sairia do acordo. E procura-se saber se países como a Nova Zelândia, com economias mais pequenas, se atrevem a comprometerem-se com emissões próximas de zero até meados do século.

A conferência estava originalmente planeada para acontecer na Costa Rica, mas o país acabou por assumiu que não tinha condições financeiras para receber um evento desta dimensão. Daí passou para o Chile, mas a tensão política e social que tem enchido o país de manifestações impossibilitou essa escolha. Não havia condições de segurança.

A hipótese de a conferência ser no Brasil chegou a estar em cima da mesa, mas foi descartada — o que podia ser interessante num ano em que a Floresta Amazónica foi dizimada por incêndios e em que muitas praias brasileiras foram contaminadas com petróleo que colocaram em causa a flora e a fauna. Como se queria manter a tónica no mundo latino, passou-se o evento para Espanha.