À mesma hora a que o Presidente da República cumpria uma recheada agenda de eventos na zona do Porto, em Lisboa encontravam-se esta quarta-feira o primeiro-ministro israelita e o secretário de Estado dos EUA. Nada de novo, diz Marcelo, dois países escolherem Portugal como palco para uma reunião de trabalho. Aliás, até já aconteceu… no tempo da ditadura.

Benjamin Netanyahu e Mike Pompeo, agendaram para esta quarta-feira uma reunião em Lisboa, com temas quentes à mesa como a promessa de anexação do Vale de Jordão e a situação no Irão. Um encontro polémico que já levou a esquerda a condená-lo publicamente.

Marcelo passou esta quarta-feira numa visita ao norte do país e quando instado a comentar pelos jornalistas, recordou o exemplo de 1971: “Não é a primeira vez que isso acontece. Estou a pensar no tempo da ditadura, era presidente do Conselho de Ministros Marcelo Caetano, houve um encontro nos Açores entre o presidente Nixon (EUA) e presidente Pompidou (França). Queriam tratar de problemas que não tinham a ver com Portugal, queriam tratar problemas entre eles”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que esta é uma realidade que “não passa” pelo chefe de Estado, mas sim “por contactos governamentais”.

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O Presidente da República refere-se à cimeira de dois dias entre os então presidentes dos Estados Unidos e de França, que pretendia encontrar soluções para a grave crise económica e financeira na Europa e nos Estados Unidos.

O relato completo da agenda dessa viagem foi feito na altura pelo The New York Times, com um trabalho de um enviado especial aos Açores que conta a chegada do presidente norte-americano no seu avião “The Spirit of ’76” à base aérea das Lajes, onde foi recebido pelo então presidente do Conselho, Marcello Caetano.

Ao contrário do que aconteceu na Cimeira das Lajes, já no tempo de Durão Barroso, Marcelo diz que no exemplo que deu “Portugal não estava envolvido”, realçando não ter mais informação sobre o encontro, uma vez que se encontra numa visita ao norte do país. “Estou aqui no norte, a realidade está a ocorrer em Lisboa, portanto, saberei para a semana na audiência com o Primeiro Ministro. Neste momento não tenho mais informação.”

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O assunto é, portanto, com o Governo. E com isto, Marcelo – que não receberá em Belém nenhum dos visitantes, até porque não se trata de chefes de Estado – deu por encerrado o assunto.

Precipitação, a inimiga da regionalização

Confrontado sobre o processo de regionalização, assunto sobre o qual vários partidos políticos se pronunciaram esta semana, o Presidente da República reforça o que tem dito nos últimos tempos.

“O que tinha a dizer, disse em frente a 400, 500, 600 autarcas representantes de todo o país e eles sabem qual é o meu pensamento (…) quem quer a regionalização não deve precipitar-se, porque a precipitação pode ser o grande obstáculo à regionalização. Quem não quer a regionalização, naturalmente é-lhe indiferente a precipitação.”

Marcelo volta a afirmar que caso se pretenda “um modelo virado para o futuro, diferente do modelo de há 20 anos, com cabeça tronco e membros e não pondo o carro a frente dos bois, então é preciso não cometer erros de percurso e não cometer precipitações”.

Medina e Moreira criticam posição de Marcelo sobre regionalização

Sobre o facto de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, e Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, terem considerado, na passada terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa o principal entrave ao processo de regionalização, o Presidente da República diz que não comenta autarcas isolados e que se limitou “a dizer uma coisa muito simples”.

“Limitei-me a dizer uma coisa muito simples, que é de bom senso, e disse-o em frente a centenas de presidentes de câmara que perceberam e reagiram, aplaudindo. Para quem quer fazer a regionalização, e ali pareceram-me ser a maioria dos autarcas, tudo o que seja uma precipitação será o principal obstáculo”, sublinhou.

O Presidente da República esteve esta manhã na Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional Do Norte e almoçou na escola EB 2.3 Dr. Carlos Pinto Ferreira, em Vila do Conde, considerada a melhor escola pública classificada no rankings dos percursos diretos de sucesso.

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