O secretário de Estado Adjunto e da Economia de Portugal exortou esta quinta-feira, na Praia, à diversificação das compras a Cabo Verde além do calçado e vestuário, lembrando que em sentido contrário 3 mil empresas portuguesas exportam para aquele país.

“É bem elucidativo do interesse do tecido empresarial de Portugal no mercado cabo-verdiano. A base de exportação portuguesa cobre praticamente todas as áreas da atividade económica e categoria de produtos”, apontou João Neves, secretário de Estado Adjunto e da Economia de Portugal, sobre o volume das trocas comerciais entre os dois países, que rondam os 450 milhões de euros anuais.

O governante português discursava na cidade da Praia, na abertura do fórum económico “Mar e Inovação, drivers da Economia Global”, organizado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e pela embaixada de Portugal em Cabo Verde.

“A par das potencialidades do crescimento do comércio bilateral, será também importante prosseguir um caminho de maior diversificação das importações portuguesas de Cabo Verde, que se apresentam fortemente concentradas em vestuário e calçado, e para as quais temos toda a abertura para ajudar a que este processe se concretize”, disse o governante, na abertura do evento, que se realizou no âmbito das Comemorações do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães.

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Segundo os números apresentados no evento, as trocas comerciais entre os dois países atingiram um “pico” em 2017. João Neves acrescentou que em 2018 a balança de bens e serviços entre Portugal e Cabo Verde totalizou os 358 milhões de euros de exportações portuguesas e de 107 milhões de euros de exportações cabo-verdianas. Neste contexto, as viagens e o turismo representaram “cerca de um terço do montante de exportações de serviços” de Portugal para Cabo Verde.

“Cabo Verde é um importante parceiro comercial de Portugal, sobretudo enquanto destino das nossas exportações. É na verdade o nosso 30.º cliente e, portanto, Portugal tem laços do ponto de vista comercial de importância com Cabo Verde, mesmo que os montantes sejam relativamente pouco expressivos e que importa mobilizar no sentido de fortalecer”, destacou João Neves.

Trata-se de um momento de “particular dinamismo” nas relações económicas empresariais entre os dois países, que colocam Portugal como o principal fornecedor das importações cabo-verdianas e segundo destino das exportações, depois de Espanha.

Ainda assim, o governante salientou que a previsão de médio e longo prazos para o investimento português em Cabo Verde passa “cada vez mais” por “setores mais diversificados”, como o agroalimentar, energias renováveis, transportes e logísticas, turismo, saúde ou formação profissional, entre outros, e mesmo como porta de entrada para o mercado da África ocidental.

“Mas Portugal manifesta todo o interesse em captar investimento cabo-verdiano para Portugal e esperamos que dentro de poucos estejamos a dar nota dessa nova tendência de Cabo Verde como investidor no exterior”, destacou.

Além das trocas comerciais entre os dois países, vários grupos portugueses estão instalados em Cabo Verde com empresas de capital cabo-verdiano.

Na abertura do evento, o ministro dos Transportes e da Economia Marítima de Cabo Verde, José Gonçalves, destacou as relações com Portugal, enquanto “país irmão e amigo, e parceiro imprescindível nos vários aspetos ligados ao mar”.

“Desde exploração dos recursos marinhos, investigação oceânica ao sistema de transportes marítimos interilhas, seja a nível público, seja a nível privada”, destacou o governante.

“Da parte do Governo, podemos garantir toda a nossa disponibilidade para conjuntamente analisarmos todas as manifestações de interesse, bem como identificar mecanismos de implementação dos mesmos”, acrescentou.