“Um Homem Fiel”

Abel (Louis Garrel) fica banzo quando a namorada, Marianne (Laetitia Casta) lhe diz que não só o vai deixar por um amigo dele, Paul, como que está grávida deste e o casamento, para o qual está convidado, é daqui a dez dias. Nove anos depois, Paul morre e Marianne parece ficar de novo interessada por Abel. Mas Joseph (Joseph Engel, uma descoberta), o filho, diz a Abel que a mãe envenenou o pai e ele fica de pé atrás. Ao mesmo tempo, Ève (Lily-Rose Depp), irmã do morto, está caidinha de amores por Abel. Escrita por Garrel, que também realiza, e pelo grande Jean-Claude Carrière, esta sua segunda longa-metragem é uma habilíssima, divertida e enigmática variante da velha e relha história do triângulo amoroso, levemente atravessada pelas sombras de Truffaut e Hitchcock, que se resolve, e muito bem, em apenas 75 minutos.

“Tommaso”

Há um Abel Ferrara muito bom, herdeiro genuíno do cinema americano de série B, autor de “Vingança de uma Mulher”, “Nova Iorque, 2 Horas da Manhã”, “China Girl”, “O Rei de Nova Iorque”, “Os Viciosos”, “O Funeral”,  “R Xmas-Nosso Natal”, “Histórias de Cabaret” ou “Bem-Vindo a Nova Iorque”. E há um Abel Ferrara mais pretensioso, forçado e convencido, que é precisamente o deste “Tommaso”, uma misturada semi-autobiográfica e autocomplacente, filmada na sua casa em Roma, com a própria mulher e a filha, e Willem Dafoe no papel de um realizador em recuperação de uma vida de alcoolismo e consumo de drogas, ainda atormentado por demónios desses tempos. “Tommaso” tem os seus momentos e vale sempre a pena ver Dafoe trabalhar, mas acaba por ser excessivamente desnorteado, desarrumado e afetado.

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“Os Aeronautas”

Eddie Redmayne e Felicity Jones são os principais intérpretes desta fita do inglês Tom Harper, passado na Inglaterra vitoriana e que celebra os balões e os pioneiros do balonismo, numa história que mistura muito liberalmente factos e ficção. Do lado factual, temos o aeronauta, astrónomo e pioneiro da meteorologia James Glaisher (Redmayne); do lado ficcional, temos a piloto de balões Amelia Wren (Jones), um compósito de várias aeronautas dessa época, nomeadamente a francesa Sophie Blanchard. Ambos têm muito a provar aos outros e si mesmos, quando se metem juntos num balão, para levarem a cabo uma missão de recolha de dados científicos e, pelo caminho, tentarem bater um recorde de altitude. “Os Aeronautas” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e podem ler a crítica aqui.