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Carlos Vinícius, um rei que já não sabe não ter coroa e virou o tabuleiro de xadrez (a crónica do Boavista-Benfica)

Este artigo tem mais de 4 anos

Marcou na primeira parte, marcou na segunda e ainda teve tempo para assistir. Vinícius, o rei que já não sabe andar sem coroa, virou o tabuleiro de xadrez e foi o mais importante contra o Boavista.

O avançado brasileiro leva nove golos em nove jogos
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O avançado brasileiro leva nove golos em nove jogos

LUSA

O avançado brasileiro leva nove golos em nove jogos

LUSA

Para o Benfica, a chegada do mês de dezembro é sinónimo de um dos períodos mais atarefados e concentrados da temporada. Entre Taça de Portugal, Taça da Liga e última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, os encarnados têm ainda de se preocupar todas as semanas com a manutenção da liderança que há quatro jornadas conseguiram assegurar. Quer isto dizer que este mês, mais do em qualquer outro desde o início da temporada, obriga a uma gestão apertada e bem medida do plantel.

Algo que não é estranho a Bruno Lage. O treinador do Benfica, averso a repetir os mesmos onzes diversas vezes, é até constantemente criticado por fazer alterações na equipa titular em praticamente todos os jogos e praticamente todas as competições. Mas depois de um encontro para a Taça da Liga, com o Sp. Covilhã, que deu espaço para oferecer minutos a jogadores como Jota, Zivkovic, Nuno Tavares e Zlobin, Lage tinha disponíveis, descansados e recuperados praticamente todos os habituais titulares. O que também não o restringiu de fazer mudanças inesperadas.

Ficha de jogo

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Boavista-Benfica, 1-4

13.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bessa, no Porto

Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

Boavista: Bracali, Carraça, Fabiano, Neris, Ricardo Costa (Yusupha), Marlon (Reisinho, 58′), Obiora, Rafael Costa, Sauer (Samuel Pedro, 69′), Stojiljkovic, Paulinho

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Lucas Tagliapietra, Idris, Fernando Cardozo

Treinador: Lito Vidigal

Benfica: Vlachodimos, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Pizzi (Jota, 90+1′), Taarabt, Gabriel, Cervi, Chiquinho (Samaris, 88′), Carlos Vinícius (Seferovic, 82′)

Suplentes não utilizados: Zlobin, Jardel, Nuno Tavares, Caio Lucas

Treinador: Bruno Lage

Golos: Carlos Vinícius (34′ e 62′), Stojiljkovic (44′), Cervi (52′), Gabriel (90+2′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Cervi (9′), Obiora (31′), Stojiljkovic (45+3′), Tomás Tavares (48′), Rúben Dias (54′), Rafael Costa (54′), Ferro (90+4′)

Numa decisão surpreendente, o treinador encarnado optou por deixar Florentino — que tinha sido titular com o Sp. Covilhã — de fora da convocatória para a visita ao Boavista (assim como os mais expectáveis Svilar, Conti e Zivkovic). O médio internacional Sub-21, que na Taça da Liga registou a pior eficácia de passe da época (79%) e o máximo negativo de perdas de bola (oito, quatro no próprio meio-campo), tem vindo a perder espaço e influência no setor intermédio do Benfica e foi agora preterido a favor de Samaris na lista final para o jogo desta sexta-feira. Nos últimas cinco partidas, Florentino foi titular apenas duas vezes (Santa Clara e Sp. Covilhã), saindo ao intervalo nas duas ocasiões, e ficou no banco os 90 minutos contra Vizela, RB Leipzig e Marítimo. No Bessa, contra o Boavista, o médio não chegava então a ser suplente.

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Depois das poupanças da Taça da Liga, Bruno Lage voltava então àquele que é, nesta altura e dadas as circunstâncias, o onze tipo do Benfica: com Tomás Tavares a render André Almeida na direita da defesa, com Taarabt e Gabriel no meio-campo, Cervi e Pizzi mais perto dos corredores e Chiquinho a apoiar Carlos Vinícius na frente. Seferovic, que já está recuperado e integrava a lista de convocados, começava no banco de suplentes — ao contrário de Raúl de Tomás, que a par de Gedson acabou por sair do lote final e assistiu ao encontro na bancada do Bessa.

Tomás Tavares foi titular na direita da defesa na ausência do lesionado André Almeida

Os instantes iniciais mostraram desde logo que o jogo seria, pelo menos do ponto de vista físico e rítmico, dinâmico. Paulinho obrigou Vlachodimos a uma defesa logo no primeiro minuto e Pizzi, na resposta encarnada, acabou por bater Bracali com um chapéu mas o lance foi anulado por fora de jogo (2′). A embrionária ameaça axadrezada, porém, rapidamente deu lugar àquela que era realmente a estratégia de Lito Vidigal para a receção ao Benfica: defender, sem ressalvas, com os cinco elementos do setor mais recuado muito próximos do intermédio, formando um bloco defensivo muito denso e compacto que obrigava os encarnados a lateralizar ou procurar um futebol mais direto.

Enquanto o Boavista defendia a toda a largura e sem especial pressão aplicada na primeira fase de construção do Benfica, a equipa de Bruno Lage procurava entrar nos espaços entre os laterais e os centrais adversários, principalmente a partir da ala direita. Era aí, onde Tomás Tavares parece cada mais desenvolto e evoluído a atacar para depois recuar e defender, que Pizzi ia desequilibrando de forma a procurar Chiquinho na zona à entrada da área ou Vinícius dentro dela. O Benfica tinha dificuldades em penetrar no último terço do Boavista, graças à grande concentração de jogadores na faixa central, mas estava a controlar por completo as ocorrências da partida e raramente permitia transições rápidas da equipa de Vidigal — transições essas que eram a principal aposta do conjunto do Bessa no prisma ofensivo.

O Benfica acabou por inaugurar o marcador ao aproveitar aquilo que raramente tinha acontecido desde o início da partida: um momento de desconstrução e desorganização defensiva do Boavista, depois de um contra-ataque que terminou com perda de bola. Numa jogada perfeita de transição, Pizzi virou o jogo da direita para a esquerda e descobriu Carlos Vinícius à entrada da grande área, que dominou de forma orientada e atirou um remate forte na diagonal (34′) depois de ser assistido pela terceira vez pelo médio português.

Após o golo, o Benfica tirou o pé do acelerador e o Boavista reagiu bem à desvantagem, espaçando os setores e agarrando alguma posse de bola que ainda não tinha tido desde o início do jogo. Com uma eficácia acima da média, a marcar naquele que foi apenas o segundo remate feito à baliza, os axadrezados conseguiram alcançar o empate ainda antes do intervalo: Stojiljkovic, que ainda não tinha marcado desde que assinou pelo Boavista, antecipou-se à saída de Vlachodimos depois de um cruzamento na esquerda e cabeceou para o fundo da baliza encarnada (44′). Na ida para o intervalo, depois de uma primeira parte animada e com poucos momentos mortos, saltava à vista o facto de o Boavista ainda só ter sofrido uma derrota em casa (com o FC Porto) e de nunca ter sofrido mais do que um golo esta temporada.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Boavista-Benfica:]

Na segunda parte, o Boavista regressou mais preocupado em conter as movimentações de Gabriel no meio-campo mas voltou novamente muito recuado, tal como tinha atuado até ao primeiro golo do Benfica, com todos os jogadores atrás da linha da bola. O Benfica voltou do balneário com mais intensidade do que aquela que tinha mostrado depois de inaugurar o marcador, com Grimaldo muito envolvido na construção ofensiva e Carlos Vinícius a recuar alguns metros para receber mais perto do setor intermédio e não ficar tão isolado entre os três centrais.

O segundo golo do Benfica acabou por surgir precisamente assim, com Grimaldo a solicitar Vinícius na esquerda da grande área e o avançado brasileiro, na passada, a cruzar rasteiro para o segundo poste: Cervi, já em esforço, apareceu a desviar para repor a vantagem encarnada (52′). Lito Vidigal foi obrigado a tirar Marlon, que ficou lesionado no lance do golo, e lançou Reisinho e o Boavista chegou a conseguir criar perigo, já que a equipa de Bruno Lage voltou a permitir algum espaço depois de estar novamente em vantagem. Os axadrezados não corresponderam com a eficácia demonstrada na primeira parte, falhando principalmente na hora da última decisão, e o Benfica respondeu do outro lado a fechar praticamente a história do jogo. Apenas dez minutos depois do golo de Cervi, Grimaldo recuperou uma bola já no meio-campo adversário e assistiu Carlos Vinícius, que bisou e chegou aos nove golos em nove jogos, estando agora a apenas dois dos 15 de Pizzi.

O Benfica geriu a vantagem até ao final da partida — até porque o Boavista, mesmo com as entradas de Samuel Pedro e Yusupha, também desistiu de procurar lutar pelo resultado — e Bruno Lage ainda tirou Carlos Vinícius, Chiquinho e Pizzi para dar minutos a Seferovic, Samaris e Jota. Gabriel ainda levou o marcador para a goleada, já nos descontos, com um cabeceamento certeiro depois de um livre batido na direita (90+2′). Carlos Vinícius, por excelência, foi a figura do jogo pelos dois golos que marcou e a assistência que fez, tornando-se o rei que já não sabe andar sem coroa e que virou o tabuleiro de xadrez. Mas a exibição do Benfica, a melhor da últimas semanas, respondeu ao vazio de ideias contra o Sp. Covilhã e foi particularmente visível nos exemplos de Grimaldo, totalmente envolvido na construção, Ferro, que é o primeiro elemento da estratégia encarnada e esteve quase perfeito, e ainda Tomás Tavares, que fez a melhor partida desde que chegou à equipa principal.

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