Ativistas pró-democracia anunciaram esta sexta-feira que pretendem tomar no domingo as ruas de Hong Kong para uma grande manifestação destinada a dar às autoridades uma “última oportunidade” para responderem às suas reivindicações.

Desde junho que a antiga colónia britânica atravessa uma crise grave com ações quase diárias para exigir reformas democráticas e pedir uma investigação sobre o comportamento da polícia. “Esperamos que o governo não cometa o erro de acreditar que a população desistiu dos seus pedidos nas últimas semanas”, indicou Jimmy Sham, um dos responsáveis da Frente Civil dos Direitos Humanos (FCDH), aos jornalistas. “Esta é a última oportunidade dada pela população a [Carrie] Lam [chefe do executivo de Hong Kong]”, acrescentou Sham.

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A Frente Civil dos Direitos Humanos é um movimento que defende a não-violência e que organizou as principais manifestações de junho e julho. A polícia tomou a decisão de permitir que a FCDH organizasse esta manifestação, a primeira vez que essa permissão acontece desde meados de agosto.

A marcha de domingo seguirá um percurso, já usado várias vezes, a partir do Victoria Park e e atravessando zonas comerciais. O movimento marcará na segunda-feira os seis meses da sua mobilização, que começou com uma manifestação em 9 de junho, contra um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China, mas que, entretanto, já foi retirado formalmente pelo Governo de Hong Kong.

Jimmy Sham reiterou que a Frente apelou aos manifestantes e à polícia para evitarem qualquer violência.

A polícia também pediu aos manifestantes pacíficos que se dissociassem dos mais radicais. “Por favor, cortem as ligações com desordeiros e criminosos e ajudem-nos a colocar Hong Kong no caminho certo”, salientou Kwok Ka-chuen, alto responsável da polícia, à imprensa.

No entanto, nos fóruns online usados pelos manifestantes, muitos apelam a marcar os seis meses de protestos com uma nova ação, em larga escala, de bloqueio dos transportes públicos na segunda-feira.

Na origem dos protestos antigovernamentais está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo governo de Hong Kong, mas os manifestantes têm outras exigências como a demissão da chefe do Executivo e do governo da RAE [Região Administrativa Especial). A antiga colónia britânica passou a ser uma região administrativa especial chinesa em 1 de julho de 1997.