A história de 149 dérbis de Manchester entre City e United já teve diferentes períodos ao longo de mais de um século, entre o equilíbrio, a vantagem dos red devils de Alex Ferguson e o ascendente dos citizens desde que foram comprados por capital árabe. Esta tarde, nenhum deles se podia rir um do outro: o conjunto de Pep Guardiola, que é bicampeão inglês, partia para o encontro sabendo que o Liverpool tinha ganho ao Bournemouth e levava já 14 pontos de avanço; a equipa de Ole Gunnar Solskjaer, mesmo depois de ter ganho ao Tottenham na última ronda, continuava longe até da última vaga de acesso à Champions. Mas houve “faísca” antes do jogo.

“Pelo menos agora podemos defrontar o City todos os anos”, comentou o norueguês na antecâmara do dérbi, recordando os anos em que estava no ataque do Manchester United e o City fazia a travessia na Segunda Divisão passando ao lado daquele que foi um dos piores arranques de sempre dos red devils. “Não jogamos basquetebol, precisamos jogar a sério. Estamos preparados”, referiu. “Quando o jogo começar, são os jogadores que decidem quem ganha. Há muita história, uma grande rivalidade, vamos ver… Desde que cheguei não houve muito essa rivalidade porque no final do ano somos sempre melhores”, retorquiu o treinador espanhol.

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Mind games à parte, foram as palavras de José Mourinho na última quarta-feira, após perder com o seu Tottenham em Old Trafford, que explicaram o que se passou na primeira meia hora do jogo: “O United é uma equipa talhada para jogar contra adversários melhores porque defendem muito atrás por não lhes poderem tirar a bola e saem bem no contra-ataque. Da mesma forma, tem mais dificuldade com equipas que lhes dão a iniciativa”. Foi assim que, em meia hora, os visitantes já ganhavam por 2-0 e até podiam ter um resultado mais dilatado.

Jones, logo com dois minutos de jogo, deixou o primeiro aviso para Ederson. Lingaard, que fazia a ligação entre a linha mais baixa do meio-campo e as unidades ofensivas, deixou de novo um aviso à baliza do City. Martial, aos 15′, teve mais um remate perigoso. O City andava com a bola de um lado para o outro, o United dava três ou quatro toques verticais e entrava no último terço adversário. Só faltava mesmo entrar em ação Rashford, que chegou em versão tripla inaugurando o marcador de penálti aos 23′ (sofrendo falta de Bernardo Silva, vista pelo VAR), atirando ao lado dois minutos depois e acertando na trave logo a seguir. Só dava United, que chegaria mesmo ao 2-0 antes da primeira meia hora, com Martial a rematar colocado ao ângulo inferior de Ederson.

No último quarto de hora antes do intervalo, o conjunto de Guardiola ainda teve uma boa chance por Gabriel Jesus, que desviou de cabeça ao lado na área, e um livre direto de Kevin De Bruyne que bateu na parte de cima das redes de David De Gea, mas o descanso chegaria com uma desvantagem de dois golos e muitos protestos no Etihad Stadium por um lance de Fred na área que o brasileiro cortou com a mão mas foi considerado que era o movimento natural do jogador, pelo que sem intenção deliberada de fazer o corte (decisão confirmada pelo VAR).

No segundo tempo, o City atacou muito (e grande parte das vezes mal) e o United defendeu bem (quase sempre de forma irrepreensível). E ainda houve um período de dez a 15 minutos com empurrões entre jogadores, nervos à flor da pele e uma chuva de isqueiros e garrafas quando Fred foi marcar um canto – pelo menos um a acertar no médio brasileiro, que se ficou a queixar das costas. Otamendi, a cinco minutos do final, deu esperança aos visitados na sequência de um canto, De Gea evitou o empate por Mahrez logo no lance seguinte mas os red devils ficaram mesmo com os três pontos, depois de já terem ganho ao Chelsea e ao Tottenham e de serem a única equipa que conseguiu roubar pontos ao Liverpool na Premier League, subindo de forma provisória ao quinto lugar. Da parte do City, a realidade é fácil de perceber: a possibilidade de se tornar tricampeão tornou-se uma utopia…