A seca na região entre o Zimbabué e a Zâmbia, considerada a pior do século, reduziu as cataratas Victoria Falls a pouco mais do que uma linha de água. Pouco resta das cascatas de 100 metros que são uma das maiores atrações turísticas africanas.
A redução do volume de água é normal nesta altura do ano, mas as autoridades oficiais, citadas pelo The Guardian, dizem que, este ano, os níveis desceram a valores sem precedentes. O caudal do rio Zambeze é agora o mais baixo desde 1995.
Nos anos anteriores, quando o tempo fica seco, [também diminui, mas] não é tanto quanto este ano. Isto afeta-nos porque os clientes podem ver na internet [que as cataratas estão a secar]… Não temos muitos turistas”, explica um vendedor local.
Além do impacto no turismo, a região debate-se com a falta de água e os prejuízos agrícolas que a seca tem trazido, estimando-se que cerca de 45 milhões de pessoas precisem já de apoio alimentar. No final de novembro, o enviado especial das Nações Unidas, Hilal Elver, alertava para o risco de fome no Zimbabué, com 60% da população já numa situação de insegurança alimentar, atingindo quase 8 milhões de pessoas.
São números chocantes e a crise continua a agravar-se devido à pobreza e à alta taxa de desemprego, corrupção generalizada, instabilidade severa dos preços, falta de poder de compra, produção agrícola pobre, desastres naturais, secas recorrentes e sanções económicas unilaterais”, explicou.
O caudal reduzido do rio Zambeze — que chega a estar praticamente seco em alguns locais — tem também provocado dificuldades na produção de energia na barragem que está a montante das cataratas. Zimbabué e Zâmbia já se lidam com cortes de eletricidade.