Um cordão humano de trabalhadores do comércio e serviços manifestou-se esta quinta-feira junto da porta principal do Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa, para exigir melhores salários, horários dignos e a conciliação entre trabalho e a vida familiar.

Em declarações aos jornalistas, o secretário geral da CGTP, Arménio Carlos, disse que se estava “num local onde as empresas ganham muito dinheiro e que cada vez pagam pior aos trabalhadores”. E prosseguiu: “É um local onde os trabalhadores trabalham muito, são sujeitos a intensíssimos ritmos de trabalho e onde são confrontados com a desregulação dos horários pondo em causa a sua vida pessoal e familiar”, sendo que também “são sujeitos a assédio”.

Daí que tenha realçado que “num quadro de aproximação do Natal […] aqueles que falam de solidariedade deviam ter mais responsabilidade social, aumentar os salários dos trabalhadores, respeitar os seus horários e acabar com a intensificação dos ritmos der trabalho e do assédio“, frisou o líder sindical.

Durante a ação de protesto e sensibilização organizada pelo CESP — Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, os trabalhadores empunhavam faixas e distribuíam panfletos em que se condenava, nomeadamente, a “violência e desumanização dos horários de trabalho” que os impedem de acompanhar os filhos menores e gritavam palavras de ordem tais como: “É justo e necessário o aumento do salário” ou “Fim aos precários!”.

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Arménio Carlos disse também aos jornalistas que é preciso acabar com as injustiças laborais nas grandes empresas de distribuição (supermercados, hipermercados e grandes armazéns especializados) e nos centros comerciais e aumentar os salários, concluindo que “é isto que precisa de ser feito e que é isto que não está a ser feito”.

O líder sindical lamentou que as pessoas em geral não saibam, por exemplo, que “o contrato retalhista não é negociado desde 2008 e que, nomeadamente, os das lojas têm um salário mínimo nacional ou um pouco acima disso”.

É por isso mesmo que apelamos à população que seja solidária com os trabalhadores neste caso concreto dos supermercados, mas não só, também das lojas e que não se esqueçam de ser solidários com a luta que eles têm desde há muitos anos e que tem a ver com descansarem ao domingo”, enfatizou o dirigente da CGTP.

Para o líder da CGTP, “o domingo é um dia de família, o domingo é para todos e esta é uma luta para que estes trabalhadores possam estar com as suas famílias”.

Em declarações à agência Lusa, Luísa Alves, trabalhadora do Pingo Doce, lamentou os baixos salários e as condições de trabalho e disse que “os horários de trabalho são completamente desregulados”. Lembrou ainda que têm uma “influência negativa” do ponto de vista pessoal e familiar, advertindo que são “destrutivos até do ponto de vista psicológico”.

Arménio Carlos referiu também que “não é possível que um setor com esta natureza, que promove tanto negócio e tem tantos lucros continue a pagar tão mal e a desrespeitar os trabalhadores”.

“Empresas desta natureza que acumulam lucros sobre lucros e que continuam a insistir no âmbito da negociação em, nomeadamente, introduzir bancos de horas individuais para não pagarem trabalho extraordinário e que continuam a insistir na desregulação dos horários, é caso para dizer isto não é futuro para ninguém”, sobretudo porque estes setores empregam “um número muito significativo” de mulheres.

O líder sindical advertiu também para o papel que a Autoridade para as Condições de Trabalho deveria ter, mas que alega “não tem”.