A Cruz Vermelha Internacional alertou esta quinta-feira que a fome causada pela seca que está a atingir o sul de África, considerada sem precedentes, está a ameaçar a vida de mais de 11 milhões de pessoas.

A seca deste ano não tem precedentes e está a causar escassez de comida a uma escala nunca vista nesta região”, alertou Michael Charles, diretor para o sul de África da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em inglês), em comunicado. “Há pessoas que passam dois ou três dias sem comida, rebanhos inteiros de gado aniquilados pela seca e pequenos agricultores sem meios de sobrevivência”, acrescentou.

Segundo a IFRC, a Zâmbia e o Zimbabué são os países onde a fome mais aumentou em relação ao ano anterior, com 2,3 e 3,6 milhões de pessoas a sofrer de escassez alimentar aguda, respetivamente. Botsuana, Lesoto e Namíbia também declararam o estado de emergência devido à seca e em Essuatíni, 24% da população rural sofre com a falta de comida.

“A situação vai piorar devido à falta de chuva ou a chuva tardia na região”, indica o comunicado, que estima que as colheitas deste ano sofram uma quebra de 30%. Para atenuar a situação, a IFRC apela para o aumento da ajuda humanitária destinada a ajudar oito países da região. A organização estima que sejam necessários 7 milhões de euros para mitigar a crise entre as comunidades mais afetadas durante um período de 14 meses.

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“Como organização humanitária devemos tomar medidas imediatas para dar resposta aos milhões de pessoas que enfrentam fome iminente”, adiantou Charles. O responsável da Cruz Vermelha Internacional sublinhou, por outro lado, a responsabilidade de ajudar a fortalecer a resiliência das comunidades e a capacidade de se adaptarem aos desafios atuais. “De outra forma, nunca acabaremos com a fome na região”, disse.

A temporada das chuvas na África meridional decorre entre outubro e abril, mas este ano, a seca severa está a afetar a região, onde, segundo dados do Instituto de Mudanças Global (GCI, na sigla em inglês) da Universidade de Witwatersrand, África do Sul, as temperaturas estão a aumentar a mais do dobro do ritmo do aquecimento global.

A manterem-se os atuais níveis de emissões poluentes, estima-se que a temperatura no interior desta zona aumente entre 5 e 6 graus no final do século.