Foi roubado há quase 23 anos, no dia 22 de fevereiro de 1997, de uma galeria de arte moderna em Piacenza, no norte de Itália, e, desde então, “Retrato de uma Senhora”, do pintor austríaco Gustav Klimt, nunca mais foi visto.

Na altura estava a ser preparada uma exposição especial, num espaço municipal fora da galeria Ricci Oddi, para assinalar a descoberta recente que relacionara o quadro, pintado entre 1916 e 1917, com outro do pintor vienense, “Retrato de uma Jovem Mulher”, anterior e desaparecido desde 1912. Quando perceberam que já não estava dentro da caixa onde tinha sido guardada, para ser transportada para o local da exposição, os responsáveis da galeria pensaram que a tela, de 60 por 55 centímetros, já estaria a quilómetros de distância.

Agora, que o “Retrato de uma Senhora” foi encontrado por um jardineiro, enquanto limpava hera das paredes, dentro de um saco de plástico preto, por sua vez escondido numa reentrância da parede exterior da galeria — “Pensei que era só lixo”, terá dito à imprensa italiana —, é inevitável que se considere a hipótese de que afinal o quadro possa nunca ter saído dali.

Apesar de as autoridades italianas pedirem cautela —  a autenticidade da pintura ainda está a ser apurada —, o diretor da galeria, Massimo Ferrari, diz que está confiante de que o quadro recuperado é o original: os selos e a cera na parte detrás da tela são os mesmos de 1997.

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Após o roubo, a moldura do quadro ainda foi encontrada no telhado do edifício, junto a uma claraboia, mas os carabinieri nunca acreditaram que a obra de arte tivesse mesmo saído por ali: era demasiado grande para passar através da janela aberta.

Ao longo dos últimos quase 23 anos, surgiram uma série de pistas sobre o paradeiro do quadro — nenhuma se revelou concludente. Em dezembro de 2016, um antigo ladrão de arte italiano, agora “aposentado”, garantiu à BBC ter sido ele a roubar o quadro, que trocou por uma cópia. E jurou que, mais tarde, a 22 de fevereiro de 1997, também foi ele quem fez desaparecer a reprodução, com receio de que a exposição por vir expusesse a troca e, por conseguinte, o funcionário que o tinha ajudado: “Roubei-o meses antes que alguém tivesse sequer reparado. Ninguém piscou, ninguém deu por nada, foi um trabalho fácil e cuidadosamente planeado desde o interior”.

Na mesma entrevista, o pretenso ladrão, que assumiu ter imediatamente trocado a obra de arte de Klimt por uma grande quantidade de dinheiro e de cocaína, também garantiu que a devolução da cópia do quadro estaria próxima. Só os resultados dos testes que estão a ser feitos pela unidade da polícia italiana responsável pela proteção do património cultural poderão comprovar se estava ou não a mentir.