O jihadista luso-francês Michael dos Santos foi esta sexta-feira em Paris condenado a 30 anos de prisão por associação criminosa com ligações terroristas e por ameaças de morte contra um jornalista. Foi condenado à revelia uma vez que o julgamento decorreu sem a sua presença. Isto porque Micheal dos Santos terá morrido presumivelmente na Síria, no ano passado. A sentença foi proferida pelo tribunal especial criminal de Paris, instância composta unicamente por magistrados, segundo noticiou a agência France-Presse (AFP).

Um outro jihadista detido após ter regressado da Síria relatou às autoridades competentes que Michael dos Santos tinha sido morto no outono de 2018 durante o cerco a Raqa, que foi a primeira grande região controlada pelo EI no centro da Síria, onde o luso-francês combatia como um atirador furtivo para os extremistas.

Nascido em 1992 em Portugal e naturalizado francês em 2005, Michael dos Santos é considerado como um dos carrascos do grupo extremista Estado Islâmico (EI). Julgado por associação criminosa com ligações terroristas e por ameaças de morte contra um jornalista através da rede social Twitter, Michael dos Santos é descrito como um adolescente sem escolaridade, fascinado pela violência, que cresceu no subúrbio parisiense de Champigny-sur-Marne.

O luso-francês, que se converteu ao islamismo, radicalizou-se durante o período que frequentou uma mesquita em Triton de Villiers-sur-Marne, segundo testemunhas. Michael dos Santos terá chegado à Síria, via Turquia, em agosto de 2013 com outros jovens também oriundos de Champigny-sur-Marne. Doze membros deste grupo de Champigny-sur-Marne foram condenados a penas até 10 anos de prisão.

A gravidade das acusações contra o jihadista luso-francês ditou a sentença mais pesada. Em agosto de 2013, Michael dos Santos deixou a casa da família sob o pretexto de ir a Portugal, mas o destino foi o território sírio. Numa carta que deixou à sua mãe, o luso-francês explicava que não podia “continuar de braços cruzados” perante os crimes cometidos pelo Presidente sírio, Bashar al-Assad. Michael dos Santos publicava regularmente nas redes sociais conteúdos de extrema violência.

O luso-francês terá tido dois filhos com uma mulher, que também viajou para o território sírio. A mulher de Michael dos Santos terá também morrido durante um bombardeamento em Raqa.

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