Um estudo publicado esta semana na revista científica Geophysical Research Letters indica que pode haver gelo a apenas 2,5 centímetros de profundidade no pólo norte do planeta Marte. Um “mapa do tesouro” desenhado pela NASA (a agência espacial norte-americana) de acordo com os dados da investigação sugere que pode haver água a latitutes tão baixas quanto 35°N e 45°S, consideradas “médias” pelos cientistas.

A região assinalada a branco simboliza a localização do gelo próximo à superfície marciana. Créditos: NASA/JPL-Caltech

Isto é importante porque vai ajudar os astrofísicos a determinar em que localização devem aterrar as missões tripuladas a Marte que estão a ser preparadas pelas agências espaciais governamentais e pelas companhias privadas do ramo aeroespacial. “A água gelada será uma consideração importante para qualquer possível local de pouso. Com pouco espaço a bordo de uma aeronave, qualquer missão humana a Marte terá que colher o que já está disponível para beber água”, explica a NASA.

Os autores do estudo são três cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, dois investigadores do Departamento de Física e Astronomia da Universidade do Arizona do Norte, um especialista do Instituto de Ciências do Espaço e um investigador do Departamento de Astrofísica e Ciências Planetárias da Universidade do Colorado.

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Segundo a NASA, a equipa utilizou os dados enviados por duas sondas, o Mars Reconnaissance Orbiter e o 2001 Mars Odyssey, para localizar a água que existe debaixo da superfície marciana, nos polos do planeta. No artigo, os cientistas explicam que “a água congelada é um condutor de calor muito forte em comparação ao regolito marciano. Por isso, o gelo próximo à superfície influencia de forma mensurável as tendências sazonais da temperatura da superfície. Nós medimos essa influência com observações de temperatura com as sondas, usando modelos de transferência e mapas de Marte”.

Este é o “mapa do tesouro” da NASA. As cores mais frias representam o gelo mais próximo à superfície. Créditos: NASA/JPL-Caltech/ASU

O documento também reitera que o gelo se encontra em “locais onde é realista pensar em futuros pousos de missões”: “Este gelo pode ser explorado no local para ser transformado em água potável, oxigénio respirável e por aí adiante, a custos muito mais baixos do que se tivéssemos de levar isso tudo a partir da Terra”, conclui o estudo. De acordo com a NASA, “os astronautas podiam escavar facilmente” a superfície de Marte para encontrar esse gelo.

O próximo passo desta equipa de investigadores é perceber como é que a quantidade do gelo se altera ao longo do ano marciano. Isso vai permitir descobrir qual é a melhor altura para aterrar em Marte e encontrar recursos naturais mais abundantes, concretiza a NASA: “Quanto mais procuramos gelo próximo à superfície, mais encontramos. Observar Marte com várias naves espaciais ao longo dos anos continua a fornecer novas maneiras de descobrir esse gelo”.