Houve Johnny Carey, a equipa dos Bubsy Babes, a era de Bobby Charlton, Nobby Stiles e George Best, a Classe de 92. Há muito que o Manchester United se destaca pelos muitos produtos da formação lançados com sucesso na equipa principal, que tem nesta fase Marcus Rashford como grande figura e Mason Greenwood com mais recente coqueluche. No entanto, mesmo “ensombrado” pelo empate em Old Trafford frente ao agora Everton de Duncan Ferguson (1-1) depois dos triunfos diante de Tottenham e Manchester City, este domingo foi especial para os red devils. E, em paralelo, o derradeiro capítulo do que poderia servir de manual aos conjuntos portugueses.

Com McTominay, Lingaard e Rashford de início e Greenwood a saltar do banco, o conjunto agora orientado por Ole Gunnar Solskjaer cumpriu o 4.000.º encontro consecutivo sempre com pelo menos um jogador da formação na equipa, num levantamento feito pela BBC esta semana que começou há 82 anos, num encontro a contar ainda para a Segunda Divisão em Craven Cottage frente ao Fulham em outubro de 1937. Nesse período, a equipa ganhou um total de 18 Campeonatos (mais um da Segunda Divisão, em 1975), 11 Taças de Inglaterra, cinco Taças da Liga e 19 Supertaças em termos internos, juntando ainda três Ligas dos Campeões (ou Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1968), uma Liga Europa, uma Taça dos Vencedores das Taças, uma Supertaça Europeia, uma Taça Intercontinental e um Mundial de Clubes, com grande incidência na era Alex Ferguson.

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O jogo, esse, voltou a mostrar a realidade onde se encontra um Manchester United que já foi quase indiscutível em termos internos mas que hoje enfrenta dificuldades, como se percebe no sexto lugar da Premier League já a 24 pontos do líder Liverpool: se é verdade que McTominay, Lingaard e especial Rashford são jogadores de topo, e se é verdade que Greenwood justifica em pleno os elogios de Solskjaer que o lançou em março deste ano, ficou de novo provado que o problema da equipa é a falta de referências à equipa para enquadrar da melhor forma a qualidade da juventude que tem vindo a ser promovida, sobretudo no plano defensivo. Foi por isso que, após um autogolo de Lindelöf, o Everton esteve largos minutos em vantagem no encontro.

Em paralelo, a constante aposta na Academia continua a trazer rendimentos garantidos e se Rashford tem sido o principal destaque da equipa na presente temporada, com números e exibições que o colocam entre os melhores avançados de 2019/20, Mason Greenwood, de 18 anos, tem justificado as apostas no conjunto principal esta época, levando já sete golos em 769 minutos disputados entre Campeonato, Taça da Liga e Liga Europa. Com uma base mais forte, o Manchester United continua a mostrar valor para regressar aos bons velhos tempos em que Solskjaer somava títulos atrás de títulos como jogador com Ferguson no comando, tal como tinha acontecido antes com a equipa que se sagrou campeã europeia em 1968 com Charlton ou Best após vencer o Benfica na final. E, na devida proporção, essa é a maior lição que este marco histórico pode dar às formações portuguesas.