A tradição de Natal de Nicolás Maduro, de distribuir o pernil de Natal pela população da Venezuela, já começou este ano. Isso mesmo foi confirmado pelo ministro da Alimentação, Carlos Leal Tellería, segundo o jornal venezuelano El Nacional, anunciando que serão distribuídas 27 mil toneladas de pernil a “preço acessível” às comunidades. A Corporação Única de Serviços Produtivos e Alimentares, organismo público de distribuição alimentar, deu à operação o nome de Plano Manjedoura 2019.

Segundo o jornal argentino Clarín, pelo menos 13.500 das 27 mil toneladas de pernil vieram da Rússia de Vladimir Putin. Em outubro, relembra o jornal, Nicolás Maduro anunciou isso mesmo, esclarecendo que essa foi uma compra no valor de 11 milhões de euros e que serve para garantir “ao povo venezuelano o alimento de que precisa nesta época dezembrina“.

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Como já vem sendo habitual, já é Natal na Venezuela de Maduro

O mesmo jornal adianta que a etiqueta em muitos dos pernis congelados distribuídos é da empresa russa SAC Sk Korocha e confirma que o pernil está a ser vendido a preços baixos, a cerca de 10 mil bolívares (cerca de 0,22 dólares) por quilo, um valor bastante abaixo dos 4,44 dólares por quilo praticados nos supermercados.

Contudo, o pernil a estes preços acessíveis terá sido distribuído a partir das 3h da manhã da semana passada, em pontos dos Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), a que geralmente só têm acesso cidadãos venezuelanos com cartão do PSUV, o partido de Nicolás Maduro. Isto num país onde há quase sete milhões de pessoas subnutridas, de acordo com dados da ONU.

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O político da oposição e antigo presidente da Câmara de Caracas, Antonio Ledezma, denunciou a situação nas redes sociais, dizendo que as autoridades forçaram os que receberam o pernil a agradecer em vídeo. “Que cenas tristes e dolorosas”, escreveu no Twitter, a partir do seu exílio, em Espanha.

Até 2018, a maioria do pernil distribuído no Natal na Venezuela era precisamente fornecido por uma empresa portuguesa, a Iguarivarius, que chegou a ser liderada pelo ex-ministro Mário Lino. A empresa está atualmente sob investigação em Portugal, no âmbito da Operação Navidad. Há suspeitas de corrupção envolvendo subornos a responsáveis venezuelanos.

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