O primeiro-ministro está esta quarta-feira no Iraque a visitar o contingente militar português integrado na coligação internacional com a missão de estabilizar este país, através da formação e treino das forças governamentais iraquianas no combate ao “Daesh”.

António Costa chegou ao aeroporto internacional de Bagdade a meio da manhã no Iraque, vindo de Falcon da ilha grega de Samos e acompanhado por uma pequena comitiva na qual se integra o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.

O primeiro-ministro permanecerá em território iraquiano cerca de seis horas, seguindo viagem ao fim da tarde para a Nova Deli, onde na quinta-feira se reunirá com o chefe de Governo da Índia, Narendra Modi, e discursará como “convidado de honra” nas comemorações do 150.º aniversário de Mahatma Gandhi.

Em território iraquiano, antes de partir de helicóptero para a base militar de Besmayah – o campo onde se encontra o contingente português -, o líder do executivo português tem logo no aeroporto uma breve reunião com uma delegação iraquiana composta pelo vice-primeiro-ministro (Thamir Ghadhban), ministro da Defesa e chefe de Estado Maior. Um encontro que foi pedido com insistência por parte das autoridades deste país e que, segundo fonte diplomática, visa sobretudo “salvaguardar as preocupações dos iraquianos em termos de afirmação de soberania, num quadro político interno muito frágil”.

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Quando ao fim da manhã chegar ao campo de Besmayah, situado a cerca de 50 quilómetros de Bagdade, o primeiro-ministro assiste a uma breve cerimónia militar e às atividades de treino no interior da base, designadamente movimentos realizados em veículos terrestres.

A seguir, na cantina da base militar, haverá uma apresentação sobre as características e ponto da situação da missão por parte da “task force” da base, seguindo-se uma fotografia de família e o almoço de Natal com os militares portugueses. No fim do almoço, António Costa assina o livro de honra do 10.º contingente nacional e assiste a uma videoconferência sobre os resultados e objetivos da missão.

A última visita à força portuguesa destacada no Iraque, no campo de treino de Besmayah, foi realizada pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, em 31 de julho passado.

O 10.º contingente nacional da operação internacional “Resolução Inerente” – uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) – integra 30 efetivos, incluindo três mulheres, provenientes de várias unidades da Brigada de Intervenção. Esta coligação internacional liderada pelos Estados Unidos foi criada em 2014 e conta com cerca de 80 países membros e tem entre os seus objetivos “a capacitação das forças iraquianas”, através do treino, do fornecimento de equipamento e aconselhamento. Portugal participa na coligação desde maio de 2015, sendo a missão prorrogável até 2020. Desde 2015, já passaram pelo campo de Besmayah 190 militares portugueses, rendidos a cada seis meses. Com uma área de 308 quilómetros quadrados, o campo tem 22 carreiras de tiro e instalações de treino de vários tipos de ação e técnicas.

Em termos específicos, a força nacional destacada no Iraque tem como missão o treino das forças iraquianas nas áreas da liderança, armamento, tiro, combate em áreas edificadas, planeamento de operações militares e inativação de engenhos explosivos. A tensão na zona do Médio Oriente tem vindo a aumentar no último ano, após a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão.

O Iraque, que já se ofereceu para mediador entre Teerão e Washington, será dos países mais afetados se a crise se intensificar e considera-se que poderá ser prejudicado muito se o conflito limitar o transporte marítimo no Golfo, zona por onde passa a quase totalidade das suas exportações petrolíferas.