Cientistas espanhóis e portugueses descobriram uma nova molécula que bloqueia os efeitos colaterais dos medicamentos derivados da canábis, segundo a agência espanhola Efe.

Os cientistas das universidades Pompeu Fabra (UPF), Autónoma de Barcelona (UAB), de Barcelona (UB), Lisboa (UL) e do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes de Portugal já solicitaram a patente da nova molécula, o peptídeo “H”.

O chefe do Laboratório de Neurofarmacologia do Departamento de Ciências Experimentais e da Saúde (CEXS) da Universidade Pompeu Fabra (UPF), Rafael Maldonado, que liderou a investigação, explicou que este peptídeo pode impulsionar os medicamentos derivados da canábis, uma vez que agora são muito restritos devido aos efeitos secundários que provocam nos doentes, principalmente alterações cognitivas e perda de memória.

Segundo Rafael Maldonado, a nova molécula, é capaz de bloquear as principais sequelas prejudiciais do tetrahidrocanabinol (THC), a substância ativa mais utilizada na canábis, mantendo a capacidade terapêutica.

Os investigadores consideram que a peptídeo poderia ser usado para desenvolver um novo fármaco que, administrado juntamente com os medicamentos à base de THC, evite os efeitos secundários.

“Esta combinação abre um campo enorme para procurar novas aplicações terapêuticas de canabinóides”, disse Rafael Maldonado, citado pela Efe.

Atualmente, os médicos dispõem de dois tipos de analgésicos que prescrevem em função da gravidade da dor: os anti-inflamatórios não esteroides (como ibuprofeno ou Aspirina) para tratar dores leves, e opiáceos os casos de grande gravidade.

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Contudo, salientou, “no meio há toda uma série de quadros crónicos órfãos de tratamento, como as dores neuropáticas (..) para as quais nenhum dos tratamentos disponível é bastante eficaz”.

Os medicamentos à base de THC são eficazes contra estes problemas de saúde, mas os efeitos colaterais limitam o seu uso.

Por isso, uma solução que evite sequelas indesejadas dos canabinóides teria potencialmente “um impacto significativo”, defendeu o investigador.

“Solicitamos a patente porque há a possibilidade de chegar à clínica com essa estratégia experimental”, disse Maldonado, que confessou que o composto já gerou interesse no setor farmacêutico.

A investigação foi financiada pelo programa Caixaimpulse, iniciativa da Fundação La Caixa e da Caixa Capital Risc, para promover a transferência de conhecimento nas áreas da saúde e biomedicina.