A National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), organismo que controla entre muitas outras coisas as relações entre os fabricantes de automóveis e os seus clientes, multou a Mercedes em 13 milhões de dólares, por a marca ter sido “apanhada” a deixar derrapar um pouco os prazos em que deveria contactar os clientes e chamá-los à oficina.

É sobretudo esta “dureza” que é uma novidade para nós, europeus, uma vez que deste lado do Atlântico, mesmo depois de um construtor se aperceber que um modelo, ou uma série de modelos, enferma de uma determinada deficiência, não só não é obrigado a tornar público que esses carros têm um problema, como depois chama os clientes à oficina ao ritmo que acha conveniente. Independentemente de se tratar de uma questão menos grave, como uma pintura que se deteriora mais depressa do que habitual, ou uma borracha que deixa entrar água, ou mais perigosa, como uma tendência para o veículo se incendiar ou um tubo de travões que não resiste ao poder corrosivo do líquido e provoca fugas que tipicamente geram acidentes graves.

Nos EUA, a realidade é outra. Para começar, os fabricantes são obrigados a informar a NHTSA no instante em que têm conhecimento do defeito, com o organismo oficial a tornar público o problema. Como se isto não bastasse, as marcas são depois obrigadas a contactar os clientes, dentro de um prazo relativamente apertado, para que estes decidam quando e como querem proceder à reparação. O anúncio público, a cargo da NHTSA, visa sobretudo defender os condutores que adquiriram veículos usados, o que torna mais difícil aos construtores conhecerem a sua identidade e, por consequência, contactá-los.

Neste caso mais recente, a NHTSA apercebeu-se que a Mercedes-Benz USA realizou 101 recalls entre 2016 e 2018. O problema é que nessas 101 chamadas à oficina, em seis delas os clientes não foram contactados no prazo obrigatório de 60 dias. Noutras 22, a NHTSA não recebeu a necessária documentação nos cinco dias úteis que se seguiram à tomada de conhecimento, para em 14 ocasiões a Mercedes ter inicialmente listado a data para o recall como “desconhecida” e depois se ter esquecido de actualizar a informação assim que se tornou definitiva.

A marca alemã incorreu nalgumas outras faltas, consideradas menores, mas após reunião com a NHTSA, esta reconheceu que todos os consumidores acabaram por ser contactados e todas as reparações foram realizadas assim que as peças passaram a estar disponíveis. Pelo seu lado, a Mercedes admitiu que falhou alguns prazos e não respeitou algumas normas, garantindo que não agiu deliberadamente nem como malícia. Isto livrou o construtor de uma penalidade muito mais elevada, pelo que a multa se limitou a 13 milhões de dólares.

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