Um Orçamento do Estado (OE) com mais Mário Centeno do que António Costa. É esta a principal análise do comentador Marques Mendes ao OE apresentado para 2020, ao qual considera faltar “um rumo, um objetivo estratégico, uma causa”. “Gostasse-se ou não da geringonça, os orçamentos tinham um rumo: a recuperação de rendimentos. Este não tem rumo nenhum – é navegação à vista”, declarou o antigo líder do PSD no seu espaço de comentário habitual na SIC. “Falta a marca de António Costa neste Orçamento.”

Mergulhando em exemplos concretos, Marques Mendes considera que este é um orçamento de “medidas pontuais”, que poderia ter optado por caminhos como o do “apoio às empresas para reforçar o crescimento”, o da “coesão social e do combate às desigualdades sociais” ou o da “coesão territorial, do desenvolvimento do interior ou da promoção da natalidade”. “Mas não é”, decretou.

Em vez disso, diz, foca-se no lema “das contas certas” o que, para Marques Mendes, tem um aspeto positivo e outro negativo. “Tem uma coisa muito positiva, o excedente orçamental, ou seja, mais receitas do que despesas. Ao contrário do que diz o primeiro-ministro, não considero que esta seja uma questão de direita ou de esquerda. É uma questão de boa governação”, afirmou o comentador.

Depois há uma marca Centeno pela negativa, que é o novo aumento da carga fiscal”, disse, acrescentando que o ministro das Finanças “tem um bom objetivo alcançado pelo caminho errado”.

O resto das medidas, diz, é “um aglomerado” de ideias, com o objetivo “tático” de conseguir obter votos favoráveis por parte do PAN, do PSD/Madeira, do PCP e do BE. Relativamente à possível aprovação do OE por parte dos dois antigos parceiros da geringonça, Marques Mendes considera que, “se a política tiver alguma lógica, PCP e BE só têm um caminho: absterem-se”. Aprovar não faria sentido, diz: “Se eles já engoliram uns sapos com a aprovação da redução do défice, aprovar um excedente seria engolir um elefante completo — para não dizer um Jardim Zoológico inteiro.” Quanto a um chumbo, também considera que não faria sentido, porque “apesar de tudo este Orçamento tem uma lógica de continuidade”.

Por essa mesma razão, Marques Mendes considera ainda que o PSD “já devia ter anunciado o voto contra”. “Tem aumento da carga fiscal e, se Rui Rio for coerente, só pode votar contra”. Razão pela qual considera que “não se percebe a hesitação” do líder do PSD. “Só se prejudica e prejudica o país”, sentencia.

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