Pela primeira vez, Paulo Rangel assumiu aquilo que, explicou em entrevista conjunta este sábado à TSF e ao Diário de Notícias, até já está a fazer: apoiar Rui Rio nas eleições internas do PSD, marcadas para o próximo dia 11 de janeiro.

Eu vou apoiar o atual presidente, Rui Rio. Estou a apoiar, ainda não tinha dito isso publicamente, embora já muitas pessoas o adivinhassem. Vou fazê-lo com certeza, porque concordo com essa visão, e sem prejuízo da enorme consideração que tenho pelos outros – seja Luís Montenegro, que até foi meu aluno, embora um aluno quase colega, porque foi no primeiro ano em que dei aulas, portanto tínhamos praticamente a mesma idade; quer mesmo o Miguel Pinto Luz, que eu acho que está a fazer um trabalho muito interessante em termos de ligação a novos temas para o PSD”, assumiu o eurodeputado do PSD, cabeça de lista do partido nas últimas eleições europeias.

“É importante frisar aqui porque é que acho que Rui Rio deve ter ainda esta oportunidade também. É porque aquilo que eu conheço de Rui Rio, e que nestes dois anos ficou claro para mim, em particular até na fase final da batalha eleitoral, neste setembro em especial, é que ele olha muito para o médio prazo”, continuou Rangel, passando, ato contínuo, para o ataque ao primeiro-ministro. “Portanto, ele é o contrário de António Costa e, nesse aspeto, ao invés do que se diz para aí que há, às vezes, uma espécie de proximidade, é o contrário. António Costa é uma espécie de Xerazade da política portuguesa, é o governo das Mil e Uma Noites – todas as noites ele conta uma história para sobreviver na noite seguinte – tudo é feito por pequenos passos. Basta olhar para este Orçamento, que é o Orçamento das pequenas medidas, não é uma visão a médio prazo.”

Questionado sobre se, não fossem as funções que desempenha entre Bruxelas e Estrasburgo, ponderaria uma candidatura em nome próprio à liderança do partido, agora ou num futuro próximo, Paulo Rangel não quis comprometer-se, preferindo dizer apenas que, para já, lhe parece que Rui Rio tem “todas as condições para continuar”. “Sinceramente, digo-lhe que não é uma coisa que esteja no meu horizonte. Agora, não vou fazer aquela coisa de dizer que nunca vai acontecer, isso não vou fazer”, respondeu. “Até mesmo pessoas com o arcaboiço do professor Marcelo acabaram por se enganar.”

Apesar de o posicionamento de Rui Rio ser favorável à despenalização, Rangel admitiu não alinhar com o líder na questão da eutanásia e defendeu liberdade de voto para os deputados sociais-democratas — “Sinceramente, eu diria que sou fundamentalmente, embora serenamente, contra a eutanásia. Acho que não deve ser uma bandeira do partido, nem para um lado nem para o outro”.

Já sobre eventuais acordos com o Chega, Paulo Rangel foi menos concludente e se, por um lado, defendeu um afastamento do PSD relativamente àquele partido, por outro também fez questão de ressalvar que ainda não viu “nenhum fascismo por parte do deputado único André Ventura e ainda se manifestou contra a diabolização do partido de extrema-direita. “Penso que o PSD aí deve ser muito claro e não deve, de maneira nenhuma, ter o Chega como uma muleta, se assim se quiser. Penso que o tipo de discurso populista e, nalguns casos, no limite do aceitável que tem o André Ventura deve ser uma coisa de que nos devemos distanciar. E vou dizer também com toda a honestidade que até agora não vi ainda nenhum fascismo – até agora, não estou a dizer que no futuro não seja assim – naquilo que ele disse e, sinceramente, não concordo com a diabolização.”

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